O ministro Ajunto e do Desenvolvimento Regional, Miguel Poiares Maduro, considerou nesta terça-feira que o país só teria a perder com uma eventual reestruturação da dívida portuguesa em vez de manter os atuais compromissos. “A forma de reduzir o peso da dívida com sustentabilidade e responsabilidade é aquilo que este Governo fez, é com consolidação orçamental e com uma extensão das maturidades e uma redução das taxas de juro”, defendeu Poiares Maduro, confrontado pelos jornalistas com apelos que têm sido feitos para uma reestruturação da dívida pública.

O ministro acrescentou que o Governo já conseguiu “poupanças significativas” em termos de dívida pública, pelo que, no seu entender, “não faz sentido vir agora especular e trazer incerteza” em relação ao tema, quando “Portugal tem um financiamento e um acesso a mercado a taxas de juro extremamente favoráveis”. Poiares Maduro, que falava na apresentação do acordo para a criação do Fundo de Apoio Municipal (FAM), em Lisboa, salientou que “as maturidades já estão muito estendidas” e “as taxas de juro estão muito baixas”.

“Só teríamos a perder”, afirmou o ministro. O governante disse não ver qualquer interesse em alimentar a questão: “A não ser que queiramos causar dano a nós próprios”, acrescentou.

Esta posição vem ao encontro da opinião do antigo ministro das Finanças, Luís Campos e Cunha, que considerou hoje “absurdo” reestruturar a dívida, explicando que isso provocaria a queda do valor atual da dívida, implicando logo depois a ajuda estatal ao setor financeiro português.

Luís Campos e Cunha, que participou num seminário enquanto presidente da Associação para o Desenvolvimento Económico e Social (SEDES), reforçou que, de uma maneira geral, “não seria possível” a renegociação dos termos e dos prazos da dívida, porque “isso significa sempre que o valor atual da dívida cai e que o balanço dos bancos fica imediatamente reduzido”. “O que houve já foi uma renegociação, estenderam-se os períodos e baixou-se a taxa de juro. Penso que abrir esse capítulo nem sequer é possível”, afirmou.

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