Ban Ki-moon, secretário-geral das Nações Unidas, emitiu,nesta quinta-feira, um apelo à contenção de Israel e ao líder do Hamas em Gaza, alertando para o risco de uma “guerra em larga escala” numa reunião do conselho de segurança convocada de emergência. Nenhum dos lados mostrou receptividade em parar os bombardeamentos.

“Gaza está no fio da navalha”, afirmou Ban Ki-Moon. “O risco de expansão da violência é ainda mais real. Gaza, e a região como um todo, não pode permitir outra guerra em larga escala”, acrescentou.

Ron Prosor, o enviado especial israelita às Nações Unidas, rejeitou todos os apelos para um cessar-fogo ou qualquer imposição de restrições, afirmando que Israel não vai parar até ter eliminado a capacidade do Hamas lançar rockets. Segundo o representante israelita, exigir contenção do seu país é a mesma coisa que “pedir a uma equipa de bombeiros para combater o inferno com um balde de água.”

Para demonstrar a ameaça de rockets do Hamas, Prosor mostrou no conselho de segurança, através do telemóvel, uma gravação das sirenes de alerta de ataque aéreo  que, segundo ele, permitem apenas 15 segundos para encontrar um esconderijo. Prosor também falou de Mahmoud Abbas, presidente da autoridade palestiniana, como “um porta voz do Hamas”, porém Ban Ki-Moon veio em defesa de Abbas por este “defender corajosamente o compromisso de segurança” com Israel.

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Riyad Mansour, embaixador palestiniano nas Nações Unidas, disse ao conselho de segurança que Abbas acusou formalmente o governo israelita de crimes de guerra devido aos bombardeamentos em áreas densamente populadas em Gaza, afirmando que o número de mortos pode já estar nos 90.

Também nesta quinta-feira o Egito, país que teve um papel determinante no encerrar do último conflito entre Israel e Gaza, abriu as fronteiras com Gaza para permitir a passagem de feridos para serem tratados em Sinai. E isto depois do Hamas ter acusado o presidente do Egito, Abdel Fatah al-Sisi, de fazer pouco por detrás dos panos para ajudar a mediar a crise. “Nós mantemos contato com ambas as partes, tanto diretamente como internacionalmente. O nosso principal objetivo é parar a agressão israelita. Estamos em contacto total e impulsionando o fornecimento de toda a assistência humanitária aos palestinianos em Gaza”, afirmou Badr Abdelatty, porta voz do ministério dos negócios estrangeiros do Egito, ao Guardian.

Em 2012, o ex-presidente egípcio, Mohamed Morsi, foi reconhecido internacionalmente por ter ajudado a mediar um acordo de paz rápido para o último conflito desta escala em Gaza. Contudo, desde que Sisi está no poder as relações entre o Egito e o Hamas “azedaram significativamente”, escreve o Guardian. O Egito bloqueou a maioria dos túneis que ligam o país a Gaza, ao mesmo tempo que o Hamas foi banido do país.