O presidente do Governo Regional da Madeira, Alberto João Jardim, defendeu esta sexta-feira ser necessário efetuar uma “reforma profunda do Estado” e uma “renegociação da dívida com os credores”.

“É preciso fazer-se de fundo uma reforma do Estado, o que passa por uma revisão constitucional, para precaver que sejam tentados, outra vez, a cair em excessos”, disse Jardim, discursando no encerramento do seminário promovido pela Associação Comercial e Industrial do Funchal (ACIF), subordinado ao tema do pós-‘troika'” que contou com a presença do ministro da Defesa Nacional, José Pedro Aguiar-Branco.

O governante madeirense, alegando que alguns “têm medo das palavras”, como o “perdão da dívida”, sustentou que “tem de haver uma renegociação da dívida com os credores” de Portugal.

O líder madeirense declarou serem “necessárias reformas nos Estados-membros, defendendo que o país “deve rever a estratégia, ser mais rigoroso nos créditos que concede para investimentos”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Jardim argumentou que a situação de alegado despesismo a que chegaram alguns países da União Europeia também é da “responsabilidade dos bancos credores”, visto que muitas vezes fizeram “publicidade enganosa”.

“Há que criar um clima de solidariedade que permita sairmos rapidamente da crise, porque a manter-se o Tratado Orçamental não vejo hipóteses de grande recuperação” económica, sustentou o governante madeirense.

Na sua opinião, é também preciso que “os próprios países credores demonstrem perante a opinião pública que a política que fizeram permitiu a reconstrução europeia”.

O líder regional opinou também que “a redução dos salários e do poder de compra não é o caminho”, defendendo ser “importante indexar os salários à produtividade” e que “uma inflação moderada é fundamental para se fazer a recuperação económica”.

“Utopia é o remédio contra a mediocridade”, disse Jardim concluindo: “prefiro ser utópico a conservador”.

Por seu turno, a presidente da ACIF, Cristina Pedra, declarou que se vive uma situação de “asfixia orçamental sem precedentes”, o que prejudicou o desenvolvimento das empresas, levando ao seu elevado endividamento e ao crescimento do desemprego.

“A banca, apesar de dispor de liquidez está manietada na capacidade de conceder crédito”, destacou a empresária, opinando que a Madeira e Portugal “têm de ser arrojados”, porque a resposta para a crise “está na economia”.

A responsável da ACIF afirmou ser preciso “reformar efetivamente o Estado” e apostar na definição de estratégias para o novo quadro comunitário de apoio.

“Será que a ‘troika’ saiu mesmo? A economia terá invertido o seu ciclo? O mercado está a recuperar? A dívida está sustentável?”, foram as questões que deixou para reflexão ao participantes no encontro.