A VI Cimeira do BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), que se realiza na próxima semana, no Brasil, iniciará uma nova fase para o grupo, com a abertura de duas instituições económico-financeiras.

Entre os resultados esperados da cimeira, que acontecerá entre segunda e quarta-feira, nas cidades de Fortaleza, nordeste brasileiro, e Brasília, estão o lançamento oficial de um banco de desenvolvimento e um fundo de reservas para ajudas em caso de desequilíbrios na balança de pagamentos dos cinco países que constituem o BRICS.

O banco do desenvolvimento do BRICS será constituído por um fundo de 50 mil milhões de dólares (36,74 mil milhões de euros) a partir de depósitos em quotas iguais de cada um de seus membros. O propósito do novo banco é oferecer empréstimos para projetos de infraestruturas e desenvolvimento sustentável para países em desenvolvimento.

Já o fundo de contingência prevê reservas de 100 mil milhões de dólares (73,48 mil milhões de euros), sendo 41 mil milhões de dólares dotados pela China, outros 54 mil milhões de dólares de Brasil, Rússia e Índia (18 mil milhões de dólares cada um), e 5 mil milhões de dólares da África do Sul.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Em conferência de imprensa, no Rio de Janeiro, o embaixador brasileiro José Alfredo Graça Lima, responsável por apresentar a programação da cimeira, evitou falar numa “Bretton Woods do século XXI”, como foi sugerido durante a conversa, mas confirmou que o novo banco e o fundo de contingência foram traçados “nos mesmos moldes”, respetivamente, do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional (FMI).

Segundo Graça Lima, as novas instituições não pretendem competir com os organismos internacionais já existentes, mas sim atuar como “complemento”, cobrindo necessidades dos países do grupo BRICS ou de países em desenvolvimento, “área de atuação” do BRICS, que não estão nas “prioridades” do Banco Mundial.

Nascido em 2001, após um artigo publicado pelo economista-chefe do Goldman Sachs, Jim O’Neil, o grupo BRIC (inicialmente sem a África do Sul) passou a articular-se e atuar de forma coletiva em fóruns internacionais a partir de 2006.

Em 2009, o grupo deu o primeiro passo para a sua institucionalização com a realização da primeira cimeira de chefes de Estado e de Governo que desde então tem ocorrido anualmente. A partir de 2011, a África do Sul foi incorporada, acrescentando à sigla a letra “S”.

À margem da conferência, o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, realiza uma visita oficial no dia 16 de junho, enquanto o Presidente chinês, Xi Jinping, realizará uma visita oficial de Estado no dia 17, estando previstos encontros bilaterais de ambos com a Presidente brasileira, Dilma Rousseff.