A Espírito Santo Financial Group (ESFG), principal acionista do BES, disse nesta terça-feira que a venda da participação de 4,99% no banco não põe em causa a garantia dada em relação a alguns instrumentos de dívida de empresas do grupo e subscritos por clientes do BES. Em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliário, a holding familiar diz que se desfez de 4,99% do BES, anunciada na segunda-feira ao mercado, para “cumprir as suas obrigações de dívida de um empréstimo” contraído para que a holding conseguisse manter uma posição de 25% no banco aquando do recente aumento de capital.

A receita gerada por essa “venda, assim como outras garantias colaterais no banco credor, vão resultar no pagamento final e na totalidade do empréstimo e termina com todas as obrigações daí advindas”, acrescenta o comunicado. Ainda na nota ao mercado, a ESFG refere também que a venda dos quase 5% no BES “não afeta a capacidade” de cumprir com as “suas obrigações sob a garantia que a ESFG deu ao BES respeitante a alguns instrumentos de dívida de afiliadas, em posse de clientes do BES”, afirmando ainda que “os ativos que suportam esta garantia não foram afetados pela venda”.

Também no comunicado, a ESFG lembra que, da participação de 20,1% que detém no BES, 20% tem de ser mantido “para efeitos do título emitido pelo ESFG em novembro de 2013”. Essa participação está sujeita a uma emissão de obrigações da ESFG permutáveis em títulos do banco. No início desde ano, começaram a suceder-se notícias sobre a situação do Grupo Espírito Santo, com destaque para a holding de topo Espírito Santo International (ESI), que controla a ESFG, que por sua vez controla a área financeira, em que se inclui o BES.

Uma auditoria à ESI, sediada no Luxemburgo, revelou que não foram registados 1,2 mil milhões de euros de dívidas nas contas de 2012. Além disso, a ‘holding’ tem capitais próprios negativos de 2,5 mil milhões de euros, ou seja, está em falência técnica. Por causa dos problemas em empresas do GES, como na ESI, o Banco de Portugal obrigou este ano o ESFG a provisionar mais 700 milhões de euros nas contas de 2013 para garantir que é reembolsado o papel comercial colocado junto de clientes do BES.

A semana passada, foram notícia os atrasos nos pagamentos de aplicações financeiras a clientes do Banco Privée Espírito Santo (banco suíço detido pela ESFG), que investiram em papel comercial da ESI.

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