As exportações de petróleo de Angola caíram 9,6% de janeiro a maio deste ano, para 237,4 milhões de barris, registando a maior queda desde 2011 e colocando em perigo a meta de crescimento para a economia. De acordo com a análise do gabinete de estudos do BPI, baseada nos dados disponibilizados pelo Ministério das Finanças de Angola, as exportações de petróleo “atingiram os 45,5 milhões de barris em maio, registando uma queda de 7,2 face a abril e uma diminuição de 11,2% face ao mesmo mês de 2013”.

No documento de análise mensal de algumas economias africanas, a que a Lusa teve acesso, os economistas do BPI sublinham que, “em termos acumulados desde o início do ano, as exportações de petróleo chegaram aos 237,4 milhões de barris, caindo 9,6% face ao volume exportado no mesmo período do ano anterior”.

Para os analistas do BPI, que lembram as explicações oficiais relativamente ao abrandamento da produção por causa de problemas técnicos, “a ainda forte dependência da economia angolana do petróleo sugere que as previsões de crescimento do Governo para este ano (8,8%) podem não se materializar”.

Os números de março confirmam a tendência de abrandamento que se tem registado no segundo maior produtor de petróleo em África, a seguir à Nigéria, e evidenciam os perigos da dependência excessiva de uma economia face a um produto ou setor. Em junho, a Lusa já tinha noticiado que as exportações de petróleo de Angola caíram 9,2% nos primeiros quatro meses deste ano, face ao período entre janeiro e abril de 2013, para uma média de 1,57 milhões de barris por dia.

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A produção média diária durante os primeiros quatro meses deste ano ficou-se pelos 1,57 milhões de barris por dia, o que contrasta com os 1,76 milhões produzidos diariamente entre janeiro e abril do ano passado. Angola exportou, nos primeiros quatro meses ano, 192 milhões de barris, o que contrasta com os 211,5 milhões exportados no mesmo período do ano passado, uma queda de 11,8% nas receitas do Estado.

Olhando apenas para o mês de abril em comparação com o mês anterior, o panorama é mais favorável, muito à custa de março ter sido o pior mês em termos de produção petrolífera desde julho de 2011. Angola exportou em abril 48,9 milhões de barris, tendo produzido uma média de 1,63 milhões por dia, quase mais 200 mil barris por dia do que em março.

As receitas fiscais com a exportação de petróleo de Angola desceram para 9,4 mil milhões de euros nos primeiros cinco meses do ano, segundo dados do Ministério das Finanças, consultados pela Lusa no princípio de junho. Só em maio, segundo a mesma informação, registou-se a receita fiscal mensal – oriunda de companhias operadoras e da concessionária nacional – mais baixa do ano, pouco acima de 198 mil milhões de kwanzas (perto de 1,5 mil milhões de euros).

No final de maio, o ministro dos Petróleos angolano revelou que o país produziu mais de 142 milhões de barris de petróleo entre janeiro e março, valor que até final deste ano deverá atingir os 655 milhões de barris. “Em 2015 prevê-se que a produção atinja os dois milhões de barris de petróleo por dia com a entrada em produção de novos campos, cujos projetos se encontram em fase de execução”, apontou José Maria Botelho de Vasconcelos, na abertura do X Conselho Consultivo alargado do Ministério das Finanças.

O petróleo é responsável pela quase totalidade das exportações de Angola e vale cerca de dois terços da receita fiscal, tendo, por isso, uma influência decisiva no andamento da economia angolana.