O governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, afirmou no domingo à noite que o Grupo Espírito Santo (GES) “desenvolveu um esquema de financiamento fraudulento entre as empresas do grupo”. Carlos Costa, que falava na apresentação da solução para o Banco Espírito Santo (BES), num encontro com jornalistas sem direito a perguntas, deu nota de desenvolvimentos do BES ao longo do último ano.

“O Grupo Espírito Santo, através das entidades não financeiras não sujeitas a supervisão do Banco de Portugal, desenvolveu um esquema de financiamento fraudulento entre as empresas do grupo”, explicou. Carlos Costa assinalou que “a experiência internacional evidencia que esquemas deste tipo são muito difíceis de detetar antes de entrarem em rutura, em especial quando a atividade é desenvolvida em várias jurisdições”.

O Banco de Portugal conseguiu identificar “uma ponta do problema porque realizou uma ação de inspeção que foi além do perímetro normal de supervisão, envolvendo uma auditoria às empresas não financeiras que constituem os principais clientes dos bancos”. O supervisor bancário referiu que “a ponta do problema” foi identificada em setembro de 2013, tendo o Banco de Portugal iniciado “uma política de isolamento dos riscos” relativamente às restantes empresas do GES.

“Esta política foi progressivamente reforçada ao longo do último ano e foi no quadro de aperto do cerco que as empresas do GES começaram a entrar em incumprimento”, reforçou Carlos Costa.

Durante a apresentação do plano de resolução do BES, o governador salientou que o agravamento de resultados da instituição “face ao que era previsível cerca de duas semanas antes é resultado da prática de um conjunto de atos de gestão – anteriores à nomeação dos novos membros da Comissão Executiva – gravemente prejudiciais ao interesse do BES e em clara violação das determinações emitidas pelo banco de Portugal”.

Destacou que estes atos de gestão tiveram um impacto negativo de cerca de 1.500 milhões de euros nos resultados do primeiro semestre. “Quero salientar que os atos em causa não foram trazidos ao conhecimento do Banco de Portugal por qualquer dos titulares dos órgãos de gestão ou fiscalização do BES à data da sua ocorrência”, garantiu.

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