O sinal rodoviário Stop celebra este ano o seu sexagésimo aniversário na forma como o conhecemos atualmente: uma placa metálica de forma octogonal pintada de cor vermelha, sob a qual estão escritas, a branco, as letras STOP. Foi em 1954, nos Estados Unidos, que o sinal que obriga os automobilistas a pararem em cruzamentos e entroncamentos adquiriu as feições que hoje lhe conhecemos – e rapidamente se tornou padrão em todo o mundo.

O sinal Stop nem sempre teve a estranha forma octogonal. Aliás, nem sempre existiu. Ele só se tornou necessário com o aumento da utilização automóvel, no princípio do século XX. As ruas eram caóticas: os automóveis, ainda escassos, partilhavam as estradas com peões, carroças, coches, liteiras e outros veículos. Antes mesmo da existência dos carros a motor, a circulação já não era fácil, nomeadamente em cidades como Lisboa. Na capital portuguesa, as contendas entre cocheiros eram de tal forma frequentes que o próprio rei, D. Pedro II, se viu, em 1686, forçado a adotar medidas para regular as cedências de passagem.

A primeira proposta de colocação de sinais Stop em alguns pontos das estradas já depois do aparecimento da circulação automóvel foi feita em 1900, por William Phelps Eno, um empresário norte-americano que defendia a “necessidade urgente” de tal sinalização. A proposta de Eno – que apesar de ter sido responsável pela introdução de diversas medidas de segurança rodoviária, nunca conduziu – só foi posta em prática em 1915, quando, em Detroit, no estado norte-americano de Michigan, surgiu o primeiro Stop da história. Era quadrado e branco.

De onde vem, afinal, a forma octogonal? Ela teve origem em 1923, também nos Estados Unidos, na Mississippi Valley Association of State Highway Departments, que propôs a icónica forma com base numa ideia muito pouco intuitiva: quanto mais lados um sinal de trânsito tiver, maior o perigo que representa. Assim, os sinais redondos, que têm um número infinito de lados, representariam as situações mais perigosas – algo que não tem correspondência no nosso Código da Estrada, uma vez que os sinais redondos em Portugal se aplicam a situações de proibição ou obrigatoriedade. Os sinais octogonais seriam para as segundas situações mais perigosas, como o atravessamento de cruzamentos ou entroncamentos.

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Em Portugal, os sinais de Stop assumiram, durante muito tempo, a forma redonda, como um sinal de proibição, dentro do qual havia um triângulo invertido, sinal de perigo, inscrevendo-se aí a palavra Stop.

 

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Os antigos sinais de Stop das estradas portuguesas. Fonte: blogue Candeia Verde

E a cor vermelha desse sinal octogonal de Stop, que nos Estados Unidos era branco ou amarelo, como apareceu? Simples: “O vermelho sempre esteve associado [à ideia de] parar”, explica Gene Hawkins, engenheiro civil do Texas ao New York Times. “O problema é que não era possível produzir um material refletor em vermelho que durasse. [Os materiais] não eram duráveis até que surgiu um novo produto no fim dos anos 40, início dos anos 50”, diz. Daí que só em 1954 se tenha começado a usar o sinal que hoje pulula pelas estradas do mundo inteiro.