Terminou na quarta-feira o cerco à montanha Sinjar no nordeste do Iraque, depois de os ataques aéreos norte-americanos e de os combatentes curdos terem conseguido afastar os rebeldes jihadistas do ISIS. Dezenas de milhares de membros do grupo religioso Yazidi, uma das minorias mais antigas do Iraque, que estavam encurralados desde o início de agosto foram libertados, escreve o New York Times.

A notícia foi avançada pelos meios de comunicação norte-americanos, que citaram o Pentágono. Esta quinta-feira, Barack Obama falou ao país e afirmou que o cerco tinha terminado, acrescentando que não haverá nenhuma operação terrestre para resgatar os Yazidis presos na montanha. Uma ação deste género estava a ser discutida como forma de travar os ataques dos sunitas extremistas do ISIS contra os Yazidi, grupo considerado inimiga pelos jihadistas, explica a revista Time. Nos últimos dias, notícias sobre a probabilidade de a minoria morrer por desidratação ou ser assassinada pelo ISIS ganharam algum destaque.

As informações que foram chegando a Obama sobre o sofrimento da minoria religiosa presa na montanha terão levado o presidente, relutante em enviar mais tropas para o Iraque, a ponderar uma operação de resgate, escreve o New York Times.

Entre os aliados dos EUA, a França, a Alemanha – que não apoiaram a invasão norte-americana em 2003 – e o Reino Unido prometeram na quarta-feira intensificar os esforços para ajudar as pessoas presas na montanha, ameaçadas pelas altas temperaturas e a fome.

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Segundo a Casa Branca, há ainda alguns Yazidis na montanha, mas já não os milhares que originalmente ficaram encurralados. Alguns do que ficaram tê-lo-ão feito por escolha própria por considerarem o Monte Sinjar um refúgio e um abrigo, diz o New York Times.

O Guardian escreve que a situação humanitária no Iraque é “complexa e muito perigosa”, mesmo depois do fim do cerco. O corredor aberto pelos EUA e o exército curdo a partir do Monte Sinjar permitiu a fuga desta minoria em direção à Síria, mas o número de pessoas deslocadas é muito elevado. Desde 6 de agosto, cerca de 80 mil Yazidis e outras minorias religiosas fugiram para o país vizinho e para Dohuk, na região autónoma do Curdistão. Ned Colt, um porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados em Dohuk, disse que é possível ver deslocados em todo o lado. “As pessoas estão nos campos, nas escolas, nas igrejas e nas mosquitas e algumas estão nas casas de familiares”. Segundo Colt, as condições em que chegam não são as melhores. “Têm queimaduras solares e insolações por terem estado tanto tempo expostas. Estão desidratadas e incrivelmente cansadas. Estão completamente esgotadas, sem saber o próximo passo. Todos têm histórias traumáticas para contar”.

No total, cerca de 200 mil pessoas, maioritariamente Yazidis, foram forçadas a abandonar as suas casas perto de Sinjar deste o ataque do ISIS, a 3 de agosto. Mas esse número é apenas uma pequena parte. Em janeiro, meio milhão de iraquianos tiveram de deixar as cidades e vilas onde viviam na província de Anbar. Depois da queda de Mosul, a 10 de junho, 600 mil pessoas refugiaram-se no Curdistão.