As comissões e encargos inesperados, as dificuldades em obter esclarecimentos e a pressão para contratar produtos “desnecessários” são as maiores falhas dos bancos perante os clientes, segundo um inquérito da DECO a 3.600 associados.

O inquérito – realizado no final do ano passado e cujas conclusões são divulgadas na edição de setembro/outubro da revista Dinheiros e Direitos da associação – revela ainda que a “pressão para contratar produtos pouco claros” e a “execução incorreta de instruções” constam da lista de maiores falhas.

“Este inquérito é feito regularmente e mostra que os problemas se mantêm”, afirmou à agência Lusa o economista da Dinheiro e Direitos, Nuno Rico. Um terço dos inquiridos pela DECO alega ter vivido más experiências com a sua conta à ordem nos últimos 12 meses e o principal motivo prende-se com custos indevidamente cobrados. No inquérito, os bancos que revelaram ser do maior agrado dos inquiridos são os que operam online, e não exigem despesas de manutenção.

Treze por cento dos participantes no estudo relataram problemas com cartões de crédito, sendo os erros na aplicação das comissões o principal motivo de descontentamento. “O Banco de Portugal, na qualidade de supervisor, também conduz estudos anuais e está consciente da situação. Mas, nos relatórios que torna públicos, apenas nomeia os bancos mais reclamados pelos consumidores em alguns produtos bancários, não apontando o dedo aos infratores”, critica a associação de defesa dos direitos dos consumidores.

A DECO quer que os consumidores tenham informação sobre as infrações detetadas pelo Banco de Portugal, assim como os respetivos autores e sanções impostas. “Isso teria um efeito dissuasor das más práticas da banca e ajudaria os clientes a fazer escolhas com maior esclarecimento”, defendeu Nuno Rico.

A DECO deu conhecimento ao Banco de Portugal e ao ministério das Finanças das conclusões do inquérito e da necessidade de aumentar a transparência para impedir que as instituições transgridam. “No caso de não ser possível incluir toda a informação no relatório, as tabelas, publicadas ou não, devem estar disponíveis ao público. Se a atual lei não permitir esta divulgação, devem ser promovidas as alterações legais para que tal seja possível”, conclui o economista.

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