O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, expressou este domingo preocupação pela “falta do devido processo legal” na detenção e condenação de vários jornalistas no Egito, durante um encontro com o Presidente do Egito, Abdel Fattah al-Sisi, informaram fontes da ONU.

O Presidente egípcio deslocou-se a Nova Iorque para participar na sessão de alto nível da Assembleia Geral da ONU, que será realizada na próxima semana, assim como numa série de reuniões internacionais paralelas a esse encontro.

Fontes oficiais citadas pela agência Efe disseram que, na sua reunião com al-Sisi, Ban Ki-moon pediu a libertação dos que foram detidos no Egipto “exclusivamente por exercerem o seu direito à liberdade de expressão e associação”.

A 23 de junho, um tribunal egípcio condenou a sete e dez anos de prisão três jornalistas da cadeia do Qatar Al-Jazira, acusados de apoiar o movimento Irmandade Muçulmana do presidente destituído Mohamed Morsi.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

O jornalista egípcio-canadiano Mohamed Fadel Fahmy, chefe da delegação da Al-Jazira até à altura em que esta foi proibida no Egito, e o australiano Peter Greste foram condenados a sete anos de prisão, enquanto o egípcio Baher Mohamed foi condenado a duas penas de prisão: uma de sete e outra de três, elevando para dez o número de anos que deverá passar na prisão.

Os três estavam detidos há cerca de 160 dias.

Neste caso, que desencadeou uma onda de indignação internacional, 11 outros acusados foram julgados à revelia e condenados a dez anos de prisão. Este grupo incluía três jornalistas estrangeiros, dois britânicos e uma holandesa.

Entre os nove acusados detidos, além dos três jornalistas, quatro foram condenados a sete anos de prisão e dois absolvidos.

Ao todo, 16 egípcios foram acusados de pertencerem a “uma organização terrorista” – a Irmandade Muçulmana – e de terem tentado “prejudicar a imagem do Egito”, e quatro estrangeiros foram acusados de terem difundido “notícias falsas” para apoiar o movimento.

Este veredito ocorreu duas semanas depois da eleição para a presidência do país de Abdel Fattah al-Sisi, com 96,9% dos votos. Este marechal na reserva dirigia já e “de facto” o Egito desde que destituiu e deteve Morsi, a 03 de julho de 2013.

Na reunião, Ban Ki-moon agradeceu a al-Sisi o “importante papel regional” desempenhado nos esforços recentes para alcançar um cessar-fogo na Faixa de Gaza.

O gabinete de imprensa da ONU disse que Ban Ki-moon e al-Sisi concordaram na “necessidade de manter o cessar-fogo na Faixa de Gaza” e conseguir uma paz duradoura para o conflito israelo-palestiniano.

Também concordaram que o “ciclo de destruição (em Gaza) deve terminar”, em alusão à última ofensiva israelita contra a Faixa de Gaza que causou mais de 2.000 mortos.