Os portugueses aplicaram mais 536 milhões de euros nos produtos de poupança do Estado em setembro, entre o investimento em Certificados de Aforro e nos Certificados do Tesouro Poupança Mais (CTPM). Estes produtos terão beneficiado, entre outros fatores, da crise do Banco Espírito Santo (BES). Desde final de junho, altura em que se agravou a crise em torno do banco, o investimento neste produto aumentou em 1.678 milhões de euros.

Segundo o Boletim Estatístico do Banco de Portugal, divulgado nesta segunda-feira, estavam investidos em Certificados de Aforro 11.595 milhões de euros no final de setembro, um aumento de 226 milhões face ao montante aplicado nestes produtos no final do mês anterior.

Já nos CTPM, um produto criado em outubro de 2013, o montante total de subscrições superou os quatro mil milhões. As subscrições deste produto aumentaram de 3.780 milhões para 4.090 milhões, um aumento de 310 milhões entre o final de agosto e o final de setembro.

O aumento das subscrições é ainda mais expressivo quando se olha para a tendência nos últimos três meses, que foram marcados pelo agravar das tensões em torno do Banco Espírito Santo, que levaram à resolução da instituição e à criação do Novo Banco. O investimento em Certificados de Aforro aumentou em 739 milhões de euros e nos CTPM em 939 milhões num período em que a incerteza em torno do BES e, em certa medida, do setor financeiro português terá levado aforradores a deslocarem poupanças da banca para alternativas como o aforro do Estado.

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Governo está a contar que os portugueses subscrevam mais 2.500 milhões de euros em produtos de aforro do Estado em 2015.

O Banco Espírito Santo perdeu entre 1.200 e dois mil milhões de euros em depósitos de clientes do retalho só em julho, no mês anterior à medida de resolução que terminou com o banco no modo como até aí era conhecido, segundo o documento da Comissão Europeia que aprova a resolução do banco, divulgada na semana passada. Saíram também fundos da gestora ESAF, que agora pertence ao Novo Banco e, segundo o Público, a crise levou a que os portugueses depositassem 200 milhões na Caixa Geral de Depósitos no dia seguinte à resolução do BES.

O Governo está a contar que os portugueses subscrevam mais 2.500 milhões de euros em produtos de aforro do Estado em 2015, depois dos quase quatro milhões que se estima obter com certificados de aforro e certificados do Tesouro em 2014. Segundo a proposta de Orçamento do Estado para 2015, entregue à Assembleia da República a 15 de outubro, é desta forma que o Estado pretende obter 22,75% das necessidades líquidas de financiamento do próximo ano, que são de 10.989 milhões de euros.

Os produtos de aforro do Estado têm beneficiado das “alterações nas condições de remuneração dos Certificados de Aforro anunciadas em setembro de 2012 e o lançamento de um novo produto de poupança, os certificados do Tesouro Poupança Mais (CTPM), em outubro de 2013, que se traduziram numa aceleração do ritmo de subscrições e abrandamento dos reembolsos em ambos os instrumentos de aforro”, diz o governo.