O vice-presidente da Comissão Europeia, Jyrki Katainen, vai fazer um ‘roadshow’ por várias regiões do mundo para convencer investidores a porem capital no novo fundo europeu com que Bruxelas quer mobilizar 315 mil milhões de euros.

Numa mesa redonda com jornalistas, hoje em Estrasburgo, o vice-presidente para o Emprego, Crescimento e Investimento disse que ainda não sabe se os Estados-membros estão interessados em participar no capital do novo fundo de investimento, hoje anunciado, apesar da promessa de uma derrapagem do défice devido a essa injeção de capital não entrar para o procedimento por défices excessivos.

O plano de investimentos hoje revelado no Parlamento Europeu pelo presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, tem como suporte um novo fundo de investimento – designado Fundo Europeu de Investimento Estratégico e que deverá estar operacional até junho – dotado de 21 mil milhões de euros, sendo 16 mil milhões de euros de garantias do orçamento da União Europeia (a partir dos programas já existentes ‘Interligar Europa’ e ‘Horizonte 2020’, gerido pelo comissário Carlos Moedas) e 5 mil milhões de euros de dinheiro do Banco Europeu de Investimento (BEI).

A partir daqui, a Comissão acredita que serão atraídos investidores privados para cofinanciarem os projetos, pelo que por cada euro de dinheiro de garantia pública estima que serão mobilizados 15 euros, mobilizando no total 315 mil milhões de euros entre fundos públicos e, sobretudo, privados.

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A Comissão vai abrir o capital do fundo a eventuais interessados, como os Estados-membros ou fundos de investimento internacionais, como fundos soberanos ou ‘hedge funds’.

“Este é um dos bons lugares para injetar capital porque a alavancagem será muito alta. Seria uma boa oportunidade para investidores institucionais, dentro e fora da Europa, diversificarem o risco”, disse hoje Katainen, acrescentando que a informação que tem é de que há interessados em investir em infraestruturas europeias mas que querem projetos bem estruturados para o fazer.

Para captar capital para o fundo, Katainen vai fazer um ‘road show’ para apresentar o fundo a investidores. Deverá ir a todos os países da União Europeus, a começar pela Roménia, assim como à China, Singapura ou Qatar, numa digressão em que espera encontrar-se com governantes, empresários e investidores.

O novo fundo terá uma administração onde além, da Comissão e do BEI, disse Katainen, poderão ter lugar os fundos e Estados-membros que façam contribuições significativas para o capital. Ainda assim, recusou qualquer interferência desse ‘board’ nos financiamentos, já que, garantiu, a administração só irá definir o risco que o fundo irá correr e as áreas prioritárias e serão depois técnicos a selecionarem os projetos que beneficiarão dos financiamentos.

A Comissão quer que este fundo financie projetos considerados mais arriscados, que não conseguem financiamento da banca comercial ou do conservador BEI, e apesar de ainda não ter uma lista fechada de projetos, já tem áreas prioritárias, caso da energia, transportes, redes digitais, Investigação e Desenvolvimento. Poderá também entrar na capitalização de pequenas e médias empresas.

Esta proposta da Comissão Europeia terá ainda de passar pelo Conselho Europeu, na cimeira de 18 e 19 de dezembro, e também pelo Parlamento Europeu.

Para já, disse Katainen, foram apresentados 1800 projetos pelos Estados-membros, incluindo de Portugal, mas este é um processo em constante evolução.

Segundo a informação a que a Lusa teve acesso, apenas Holanda e Alemanha não apresentaram para já qualquer projeto.