O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, disse esta quinta-feira, em Coimbra, que o primeiro-ministro, Passos Coelho, continua a não olhar para a realidade do país e a passar ao lado dos problemas dos portugueses.

Falando à entrada para uma reunião com “independentes, democratas e patriotas”, que decorreu à porta fechada, na Casa Municipal da Cultura de Coimbra, o líder comunista comentou a entrevista de quinta-feira à noite de Passos Coelho à RTP.

“Sacralizou a questão do défice e passou ao lado da realidade nacional e dos problemas dos portugueses, do desemprego, do empobrecimento e da exploração e do aumento da carga fiscal”, sublinhou Jerónimo de Sousa, que hoje completou 10 anos à frente do partido.

Para o dirigente do PCP, o chefe do Governo não fez quaisquer referências “aos anseios e inquietações dos portugueses e aos grandes problemas nacionais” e a sua entrevista “resumiu-se à idolatria do défice”.

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Sobre o congresso socialista, que se realiza no próximo fim de semana, o líder comunista disse que era importante o PS “assumir claramente a necessidade de uma rutura e de se demarcar desta política de direita, que o seu partido têm executado ao longo dos anos no quadro de alternância e rotativismo”.

“Era importante que [António Costa] dissesse claramente se está disponível para devolver aos trabalhadores e reformados aquilo que lhes foi roubado e se tem uma posição clara em relação à defesa dos serviços públicos e das funções sociais do Estado, que arrepie caminho, por exemplo, ao aval às privatizações”, sustentou.

Jerónimo de Sousa, que disse não existirem “razões para ter grandes esperanças” na mudança dos socialistas, antecipou que o congresso que vai eleger como líder António Costa devia “clarificar a posição do PS relativamente a questões estruturantes, como a dívida e o tratado orçamental, que impõe um garrote ao nosso desenvolvimento”.