Os tremores vulcânicos têm aumentado nos últimos dias no vulcão da ilha cabo-verdiana do Fogo, informou um especialista, indicando, porém, que são de intensidade inferior aos registados no início da erupção.

Em declarações à Inforpress, João Fonseca, especialista na área de vulcanologia que integra a equipa do Consórcio C4G, composta por várias instituições de Portugal, nomeadamente sete universidades e três laboratórios do Estado, informou que, paralelamente aos tremores com baixa intensidade, tem-se registado a emissão de gases e alguma erupção sem emissão significativa de lavas.

“Os tremores até podem corresponder à fase final da erupção”, previu o professor do Instituto Superior Técnico de Lisboa, que desde 1992 acompanha o vulcão do Fogo, referindo que “não se pode excluir também uma reviravolta na erupção e o aumento de intensidade”.

Por isso, João Fonseca sublinhou que é necessário as pessoas estarem atentas e vigilantes, dada à imprevisibilidade do vulcão, que entrou em erupção no dia 23 de novembro, completando hoje 40 dias de atividade.

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João Fonseca, que é também responsável pelo funcionamento dos equipamentos instalados na ilha, adiantou que os técnicos que estão a monitorizar a erupção estão atentos a estas situações e vão percorrer a costa leste do Fogo até aos Mosteiros para a recolha de dados nos vários equipamentos instalados.

Por sua vez, Para Nadir Cardoso, da equipa da Universidade de Cabo Verde (Uni-CV) que está a fazer a monitorização da atividade vulcânica, afirmou que é normal a ocorrência de tremores nesta fase de erupção, indicando que, em relação aos dois últimos dias, hoje a situação encontra-se estável e as frentes do Ilhéu de Losna estão praticamente estacionárias.

A técnica indicou que o vulcão continua a emitir gases, seguida de explosões e emissão de material piroclástico, mas também de emissão de gases e de vapor de água.

A professora disse acreditar, por isso, que a atividade vulcânica caminha para o seu fim e assegurou que a medição de gases aponta neste sentido, tendo-se registado, nos últimos dias, o valor mais baixo, por volta de 1.200 toneladas de dióxido de enxofre, quando nos primeiros dias chegou às 11 mil toneladas/dia.

O vulcão entrou em erupção a 23 de novembro e os prejuízos estão avaliados em mais de 45 milhões de euros.

A população de Chã das Caldeiras, planalto que serve de base aos vários cones vulcânicos no Fogo, continua a deslocar-se diariamente para os terrenos agrícolas que não foram consumidos pela lava, estando a recolher feijão e outros produtos e a cuidar dos animais.

A erupção vulcânica já consumiu duas localidades de Chã das Caldeiras (Portela e Bangaeira) e destruiu mais de 30% dos 700 hectares de terra cultivável e várias infraestruturas, mas não provocou vítimas.

Os cerca de 1.500 habitantes das duas povoações foram retirados de Chã das Caldeiras e grande parte deles está instalada em três centros de acolhimento no norte e no sul da ilha do Fogo.