El Español é o novo projeto de Pedro J. Ramírez, o homem que fundou o El Mundo em 1989. O anúncio do novo jornal foi comunicado no primeiro dia do ano através da sua conta no Twitter. “Universal, independente, inovador, combativo, plural, justo e inteligente”. É assim que é descrito no site oficial. O arranque será a dois tempos: primeiro, em forma de blog, no dia 11 de janeiro; depois arrancará oficialmente, como um jornal digital, no outono. O primeiro tweet mereceu uma hashtag a dar as boas-vindas ao futuro: “Não faz falta o papel”.

O jornalista que liderou o El Mundo durante 25 anos parte agora para uma aventura no mundo digital. “O nosso jornal chama-se El Español como o que Blanco White fundou em Londres para defender a liberdade de Espanha; como o que Andrés Borrego fundou, em 1935, e publicou os artigos mais memoráveis de Larra e como o que apoiava Antonio Maura quando pretendia fazer ‘A revolução a partir do topo’ — como o de Luis Bonafou, ‘a víbora de Asnières’, quando defendia a ‘Revolução a partir da base'”, explicou.

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Em apenas dia e meio, este jornal garantiu mais de 50 mil seguidores no Twitter. “Há fome de boas histórias e de jornalismo valente. Tentaremos não defraudar”, podia ler-se na conta do jornal na rede social, em resposta às dezenas de pessoas que passaram a segui-lo.

A saída de Pedro J. Ramírez do El Mundo foi tudo menos pacífica. O antigo diretor afirmou, em entrevista ao New York Times, que foi destituído devido a pressões políticas. Aquando do despedimento, ambas as partes acordaram uma série de coisas, como a impossibilidade de Pedro J. Ramírez fundar ou dirigir um novo jornal até 2016, pelo que receberia uma recompensa financeira. Mas as tais declarações, aliadas a publicações no Twitter e Facebook, levaram o jornal a quebrar o acordo. Algo que mudaria apenas em novembro, graças a novas negociações. Decidiu-se então que o antigo diretor não receberia qualquer compensação financeira mas que poderia iniciar um novo projeto na área.

A Unidad Editorial, a empresa a que pertence o jornal, anunciou, em novembro, que ambas as partes assumiram um compromisso de “atuar com plena lealdade e respeito mútuo”, evitando também manifestações públicas sobre a outra parte. Dois meses depois, surge o El Español.

A empresa editora do novo projeto foi registada a 8 de outubro e chama-se “Nohacefaltapapel” e tem como única administradora a filha do jornalista, Maria Ramírez.