O ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Rui Machete, anunciou hoje a intenção de avançar com um regime de vistos em passaporte facilitador para empresários, no âmbito do acordo já vigente com Angola.

A posição foi transmitida pelo governante, em Luanda, após reunir-se com o Presidente da República, José Eduardo dos Santos, juntamente com o ministro das Relações Exteriores de Angola, Georges Chikoti. “O acordo de vistos [com Angola] pode ser francamente melhorado”, admitiu Rui Machete, em declarações aos jornalistas ainda no palácio presidencial, em Luanda, no primeiro de dois dias de visita oficial a Angola.

“Admito que haja progressos a fazer, designadamente se nós conseguirmos descobrir os meios adequados para criar vistos empresariais mais eficazes”, sublinhou o ministro português, garantindo que o balanço feito com o homólogo angolano, sobre o atual acordo de vistos, é positivo.

O ministro enfatizou ainda o “reforço significativo” recentemente introduzido na emissão de vistos nos consulados de Portugal em Luanda e em Benguela, o mesmo acontecendo por parte de Angola. “Mas, sobretudo, o que registámos é que não há ainda um conhecimento suficiente das potencialidades que o acordo já tem, o que é pena”, apontou, em declarações conjuntas com o homólogo angolano.

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“A parte portuguesa fez um esforço considerável em termos da redução dos tempos de concessão dos vistos nos seus consulados. Acho que devemos trabalhar mais para aumentar o nível da facilitação, também por parte de Angola, particularmente para a classe empresarial”, reconheceu Georges Chikoti, no final da audiência do governante português com José Eduardo dos Santos.

Ainda sobre a emissão de vistos, tendo em conta que Portugal é uma das portas principais para entrada dos angolanos no espaço Schengen, o ministro Rui Machete admitiu a necessidade de “atenção” às novas regras que os países europeus pretendem adotar, na sequência dos atentados de Paris. “Eu penso que não haverá [risco de diminuição de emissão de vistos para angolanos], se justamente tomarmos as cautelas necessárias e devemos estudar atentamente os problemas, quando eles surgirem. Neste momento ainda não há razões para pensar em concreto em nenhumas ameaças desse tipo”, assegurou o ministro português.

De acordo com Rui Machete, as possíveis dificuldades da economia angolana, face à forte quebra na cotação do barril de petróleo no mercado internacional, e eventuais atrasos nos pagamentos a empresários portugueses no país, foi outro dos temas abordados no encontro com o chefe de Estado angolano.

“Foi abordado apenas em termos genéricos, mas é natural que as empresas portuguesas se preocupem com um facto que é naturalmente sério e haverá certamente soluções que podem ser encontradas. Nós sabemos que o preço do petróleo cria problemas aos países produtores, não é apenas a Angola, teremos de analisar esses problemas e, a seu tempo, encontrar soluções adequadas”, concluiu Machete.