Dois bancos gregos solicitaram financiamentos de emergência ao Banco Central Europeu (BCE), ao abrigo da Facilidade de Liquidez de Contigência de que a autoridade monetária dispõe para acorrer a situações limite. Os bancos, o Alpha Bank e o Eurobank, decidiram tomar a iniciativa como “medida de precaução”, de acordo com o Financial Times, ante a possibilidade de uma corrida aos depósitos antes da realização das eleições legislativas na Grécia, agendadas para 25 de janeiro.

O pedido de apoio, realizado pelos mais pequenos entre os quatro maiores bancos do país, totaliza cinco mil milhões de euros, segundo uma fonte citada pelo jornal britânico. Outra fonte com quem o FT contactou refere que o acesso do setor financeiro aos mercados está a ficar mais difícil, já que os bancos estrangeiros estão a reduzir a exposição ao sistema financeiro grego, enquanto aguardam pelos resultados do ato eleitoral no país, em que a esquerda radical representada pelo Syriza surge como uma potencial vencedora, de acordo com as sondagens. O partido liderado por Alexis Tsipras tem apresentado, em média, uma vantagem de três pontos percentuais sobre a Nova Democracia, comandada pelo primeiro-ministro atual, Antonis Samaras.

Para os financiadores internacionais da Grécia, uma eventual vitória do Syriza representa um risco, já que o partido tem defendido, além do alívio da austeridade, uma nova renegociação da dívida pública do país, que seria a segunda desde o primeiro resgate da Grécia em maio de 2010, medidas que acolhem recetividade junto de uma fatia importante do eleitorado.

Da parte de alguns líderes europeus têm surgido avisos de que a um novo Governo em Atenas não será concedido qualquer perdão de dívida. O ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schäuble, afirmou que “a questão não se coloca”, numa entrevista à revista germânica “Der Spiegel”, e avisou os políticos gregos para não fazerem, durante a campanha eleitoral, promessas que não possam cumprir. Também Alex Stubb, primeiro-ministro finlandês, se pronunciou no mesmo sentido, alegando com as dificuldades que o país que dirige também atravessa atualmente, com a economia em contração.

O Eurobank, uma das instituições financeiras que agora pediu ajuda ao BCE, recebeu investimento estrangeiro para se recapitalizar. Um dos investidores, num grupo que injetou mais de 1,3 mil milhões de euros no banco, foi Wilbur Ross, listado como um dos homens mais ricos do planeta de acordo com a revista Forbes e que se dedica a comprar ações de empresas em dificuldades. Ross apostou, em abril de 2014 quando a operação foi realizada, que a economia grega estava finalmente a recuperar, mas o Wall Street Journal assinala que o dinheiro aplicado já se desvalorizou em um terço desde aquela época.

Em declarações ao jornal norte-americano, o bilionário admitiu que “um dos riscos de que os investidores estavam conscientes era o da possibilidade de o Governo de Samaras não se aguentar”. Também John Paulson, gestor de hedge funds que integra, igualmente, o ranking dos maiores bilionários do mundo, investiu no Alpha Bank e no Piraeus Bank. Paulson afirmou-se preparado para investir mais dinheiro na Grécia, mas acrescentou ser necessária “certeza política”. A “incerteza fez o mercado de ações cair e adiar a realização de novos investimentos”, considerou o gestor de fundos sediado em Nova Iorque.

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