Num relatório apresentado este mês, a organização britânica Conflict Armament Research Group revela um censo com a proveniência das armas que chegam às mãos das milícias na República Centro-Africana. Alguns exemplos: granadas feitas na China e Bulgária, lança granadas do Irão, morteiros do Sudão, balas com origem checa, belga e britânica.

Os relatores usam uma analogia que dá uma dimensão realista (e assustadora) da quantidade e facilidade com que se arranjam armas na República Centro-Africana: “[as granadas de mão] são tão comuns que podem ser compradas por 50 cêntimos a 1 dólar cada, o que é menos que o preço de uma garrafa de Coca-Cola”.

A maioria das armas em circulação no país chegou às mãos das milícias vindas do Sudão, situação que se mantêm apesar do embargo decretado pelas Nações Unidas no final de 2013. Mas a proveniência de fabrico é variada e os esquemas do comércio ilegal são complexos. Os investigadores do Conflict Armament Research Group identificaram um lote de 25 mil granadas feitas na China em 2006, com destino ao exército Nepalês, que confirmou não usar armas deste tipo.

A República Centro-Africana enfrenta uma guerra entre a milícia muçulmana Seleka e as forças governamentais mergulhou o país numa crise humanitária que se agrava desde 2012. O conflito já matou entre três mil e seis mil pessoas e desalojou milhares. A Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID) estima que que existam 2,6 milhões de pessoas a necessitar de ajuda humanitária, praticamente metade da população.

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