O líder do PS diz que não lhe são pedidas nem mais tomadas de posição nem mais propostas no Parlamento, mas apesar disso, foi hoje falar com os deputados socialistas e promete apresentar iniciativas brevemente. Depois da reunião com o grupo parlamentar, que aconteceu esta quinta-feira de manhã, António Costa nega que lhe tenha sido pedido mais ação e insiste que o PS tem de se organizar para aproveitar os ventos de mudança na Europa.

Numa semana intensa de atividade partidária – esta quinta-feira à noite há comissão política e no sábado comissão nacional, o órgão máximo entre congressos – Costa diz que foi falar com os deputados para alinhar estratégia e discutir iniciativas e pouco mais. “Estamos a debater um conjunto de propostas a apresentar, para permitir aprofundar a dinâmica de mudança que está a acontecer ao nível europeu e que devem ser acompanhadas por Portugal. E Portugal deve incentivar os bons sinais que constituem o plano Juncker, a leitura que a Comissão Europeia faz do Tratado Orçamental, a posição assumida pelo BCE – vão no sentido correto. É preciso reforçar, dar-lhes maior ambição e maior consistência (…). Temos de articular com o grupo parlamentar as iniciativas que devem ser tomadas”. Quais propostas? Não quis dizer, remetendo o assunto para o resto das reuniões do partido.

Na última reunião do grupo parlamentar socialista, onde não esteve presente António Costa, vários foram os deputados que pediram mais intervenção na praça pública e também maior atividade no Parlamento, tal como o Observador noticiou na altura, mas, a avaliar pelas palavras do líder socialista, quinze dias depois, ninguém ousou dizer-lhe a mesma coisa. “Não”, respondeu quando a pergunta foi se ouvir preocupações de deputados sobre a gestão pública da agenda. “Estivemos a debater a posição do Partido Socialista perante os últimos dados da situação na Europa e as posições que devemos adotar nesse sentido para prosseguir a atividade de oposição e construção de alternativa”, acrescentou.

No que diz respeito à organização interna do partido, Costa recusa que o facto de não ter porta-vozes na direção faça com que certas áreas de atuação política estejam a descoberto. “Os porta-vozes do grupo parlamentar são os porta-vozes do PS. Não temos essa coisa esquizofrénica de que há um partido e um grupo parlamentar e exprime a posição do PS. No passado, sempre que a direção nacional quis criar porta-vozes paralelos aos do grupo parlamentar mais tarde ou mais cedo isso só contribui para a felicidade dos jornalistas detetando as divergências.

Costa aproveitou ainda para falar dos números do desemprego. Considerou que “é sempre positivo” que os números baixem, mas insistiu que “a questão é saber se é suficiente e consistente” até porque acrescentando os portugueses que estão desencorajados e os que emigraram, os números mostram a dimensão da “tragédia social” que o país vive.

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