A RTP reduziu os custos em 94 milhões de euros, apesar de ter registado uma diminuição de 75 milhões de euros de fundos públicos, refere a administração cessante numa mensagem aos trabalhadores a que a Lusa teve hoje acesso.

Intitulada “Carta Aberta ao Cidadão”, a equipa de Alberto da Ponte destaca os “bons resultados de gestão”, explicando que “com um decréscimo de 75 milhões de euros de fundos públicos, a RTP reduziu 94 milhões de euros de custos”.

E adianta que “é esse o esforço extraordinário de todos os que trabalham para si [cidadão] que permitiu tornar possível um positivo resultado operacional”.

Numa carta de seis páginas, o Conselho de Administração (CA) liderado por Alberto da Ponte aponta que “os resultados falam por si” e sublinha que “a RTP atinge um dos melhores resultados líquidos a par de um dos menores endividamentos de sempre” na sua história.

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“Procedemos a um rigoroso processo de redução de custos, num total de 94 milhões de euros, apenas possível porquanto todos os trabalhadores têm sido recetivos e têm ajudado em todo o processo”, volta a sublinhar a administração cessante composta por Alberto da Ponte, Luiana Nunes e António Beato Teixeira.

“Iniciámos um profundo processo de transformação organizacional, com mobilização de mais de metade dos trabalhadores da empresa e que envolveu centenas de iniciativas em todas áreas, das quais resultaram alterações nos processos de trabalho e maior integração das equipas. Foi assim possível a participação de todos para o fim último da sustentabilidade da RTP”, destaca a administração cessante.

A RTP deixou de receber indemnização compensatória desde 2014, passando a viver da taxa de contribuição para o audiovisual (CAV) e das receitas comerciais (publicidade e de distribuição por cabo).

“A RTP recebe cerca de 165 milhões de euros de contribuição para o audiovisual, que resulta do que cada consumidor de eletricidade suporta na sua fatura mensal, sendo que os cidadãos com menores rendimentos estão isentos desse pagamento”, recorda a equipa de Alberto da Ponte.

No ano passado, adianta, “a missão de serviço público da RTP custou por dia cerca de 544 mil euros, ou seja, quase metade da falsidade do custo de um milhão de euros/dia”.

Ou seja, “o serviço público que a sua RTP presta custou a cada cidadão que vive em Portugal 19 euros ao longo de todo o ano”.

Na carta, a equipa de Alberto da Ponte alerta que “todos os dias surgem notícias sobre a RTP, [e que] muitas das quais são propositadamente colocadas para denegrir a imagem da empresa e dos seus trabalhadores”.

Por isso, “não acredite em tudo o que lê ou ouve. Informe-se. Como acionista da sua RTP tem direito a saber, e a RTP tem todo o gosto em esclarecê-lo”, salienta a administração cessante, dirigindo-se aos cidadãos, na missiva sobre o que foi feito “ao longo dos 28 meses” que lideraram a empresa.

Vedetas aceitaram reduzir salários

Na carta aberta, salienta-se que “os salários na RTP não são milionários” e que “as muitas vezes denominadas ‘vedetas da RTP’ aceitaram reduzir de forma significativa a sua remuneração numa prova de alinhamento e solidariedade”.

Alberto da Ponte e a sua equipa destacam que “a RTP é das poucas empresas públicas que se reestruturou e que conseguiu cortar mais na despesa do que perdeu em receita vinda do serviço público”.

Além disso, “consciente das dificuldades do país e da própria RTP, este CA, pelo espírito de missão com que abraçou o seu mandato, decidiu não pedir qualquer exceção e aceitou uma redução do seu salário em cerca de 50% face ao que era habitualmente praticado”.

Recorda ainda que a RTP ficou com dois canais de serviço público “sem privatização, com relevância crescente e sem indemnizações compensatórias” e que “o crescimento das audiências permitiu melhores receitas comerciais”.

“Por tudo isso, a sua RTP está mais forte pois encontrou o caminho da sustentabilidade”, conclui o CA cessante na carta, num documento assinado pelos três administradores, datada de sábado.