O mercado imobiliário português cresceu na casa dos dois dígitos (9% a 15%) no ano passado, embalado sobretudo pela procura de investidores estrangeiros. Mais de uma em cada cinco casas vendidas em Portugal em 2014 foi comprada por um estrangeiro. As estimativas, ainda preliminares, foram avançadas pela Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP), citada pela France Press.

Os britânicos lideram a lista de compradores no segmento residencial em Portugal, com 23 mil transações, seguidos dos chineses, que terão sido os maiores investidores em valor, por via do programa vistos Gold, e dos franceses.

O crescimento do mercado residencial só não foi maior, por causa dos efeitos negativos do colapso do Grupo Espírito Santo (GES)/Banco Espírito Santo (BES) e do escândalo de corrupção associado ao Programa Vistos Gold, considera o presidente da APEMIP. Sem esse efeito, que gerou algumas preocupações sobre a integridade do mercado, este teria crescido 25%, acredita Luís Lima, citado pela AFP.

Mas os contratempos com BES/GES e os vistos gold não são suficientes para abalar as vantagens competitivas do mercado português: clima agradável, o baixo preço das propriedades e os benefícios fiscais concedidos aos reformados europeus para atrair os residentes seniores e com poder de compra. Um custo de vida mais baixo e a segurança, são também fatores valorizados.

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Portugal já ultrapassou Marrocos como o destino favorito para a compra de segunda residência por reformados franceses. No ano passado, foram mais de 3600. Um dos compradores entrevistados conseguiu comprar um apartamento de 300 metros quadrados com vista para o mar perto de Lisboa, depois de vender uma loja de móveis e uma casa mais pequena nos arredores de Paris. O aumento da procura por parte de estrangeiros já fez subir os preços das propriedades mais atraentes em Lisboa e no Algarve. O valor dos imóveis chegou a cair até um terço nos piores anos da crise económica e da intervenção da troika.

Miguel Poisson, diretor da imobiliária ERA, admite que se registou uma queda pequena na procura dos investidores chineses por causa da operação judicial que conduziu às detenções do diretor de Serviço de Estrangeiros e Fronteiras e ao presidente do Instituto dos Registos e Notariado. O programa dos vistos dourados, que concede autorização residência em troca de um investimento mínimo de meio milhão de euros, está a ser revisto.

As perspetivas para 2015 são positivas, com o presidente da APEMIP a prever uma consolidação da recuperação verificada em 2014. Numa opinião publicada no site da associação, Luís Lima sublinha a retoma na oferta de crédito à habitação por parte da banca e o facto do imobiliário constituir nesta fase um refúgio seguro para investidores, considerando que os preços devem prosseguir no caminho da recuperação.