O laboratório está a funcionar desde finais dos anos 1990, nos espaços do Arquivo Nacional das Imagens em Movimento (ANIM), em Loures, mas ganhou visibilidade em 2000, com o restauro do filme mudo de Leitão de Barros, a partir do negativo em suporte de nitrato de celulose.

Desde então, numa altura em que realizadores e produtores mudam de suportes e domina o digital, o laboratório da Cinemateca tornou-se numa “das poucas infraestruturas de restauro analógico de referência existentes na Europa”, defende a direção, na programação de fevereiro.

A programação pretende por isso mostrar resultados daquilo que é “sempre a parte invisível do icebergue”, o lado de preservação e conservação de património.

Hoje, o diretor e subdiretor da Cinemateca, José Manuel Costa e Rui Machado, respetivamente, conduzem uma conferência na qual evocam os 15 anos de trabalho do laboratório e mostram excertos de obras fílmicas intervencionadas.

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No dia 18, a discussão sobre a importância do restauro e preservação de cinema contará com o historiador de cinema Luciano Berriatúa, em particular sobre o que tem feito com a obra do realizador alemão F. W. Murnau, que dirigiu “Nosferatu” e “Tabu”, sendo projetados também excertos de obras do cineasta. No dia 23 serão abordados os limites do restauro digital.

Ao longo do mês de fevereiro serão exibidos, entre outros, o filme mudo “Os lobos”, de Rino Lupo, várias vezes restaurado, “Vendaval maravilhoso” (1949), última ficção de Leitão de Barros, protagonizada por Amália Rodrigues, e “We can’t go home again” (1971), a obra incompleta de Nicolas Ray, montada pela mulher Susan Ray, filme que também foi restaurado pela Cinemateca.

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Em outubro passado, José Manuel Costa e Rui Machado sublinhavam, num encontro com jornalistas, que uma das estratégias da Cinemateca para os próximos anos é rendibilizar o laboratório do ANIM, até como forma de garantir a sustentabilidade financeira do organismo.

O laboratório “tem possibilidade de ser uma fonte de receita e de ser sustentável”. “Devido ao facto de a indústria ter desinvestido no analógico [filmes em película], vêm bater-nos à porta para fazer restauros”, afirmou José Manuel Costa.

Atualmente a Cinemateca já faz trabalho de restauro encomendado de países como França e Suíça e colabora com o laboratório norte-americano CINERIC para fornecer serviços de restauro nos mercados internacionais.

No que toca ao cinema português, a Cinemateca tem disponibilizado mais de 200 filmes, do cinema mudo (1896-1931), para visualização na página oficial na Internet.