A posição do Ministério Público relativamente ao recurso das medidas de coação de Sócrates e dos restantes arguidos da Operação Marquês chegou ao Tribunal da Relação no mesmo dia em que o processo foi sorteado e atribuído, na última segunda-feira. Embora a lei não o imponha, também o juiz Carlos Alexandre teve uma palavra a dizer: a prisão preventiva de Sócrates e Santos Silva foi decretada porque ambos podiam, em liberdade, forjar documentos que comprometiam a investigação. O ex-primeiro-ministro também conseguiria facilmente asilo num país da América Latina, onde manteve boas relações nos últimos anos.

Segundo o Diário de Notícias, o procurador Rosário Teixeira sustenta que tanto o ex-governante como o seu amigo e empresário, Carlos Santos Silva, podiam celebrar contratos que ocultariam os crimes que estão a ser investigados. Suspeita-se que, em três anos, tenham circulado 500 mil euros entre os dois. Recorde-se que, já depois de detidos, foi detetado um Fundo Especial de Investimento Imobiliário fechado no Deustche Bank, para onde tinham sido transferidos os apartamentos que Santos Silva comprou à mãe de Sócrates e o apartamento de Paris.

Ainda de acordo com este jornal, no despacho do procurador há uma referência ao valor recebido pelo Grupo Lena durante o governo Sócrates, entre 2007 e 2011, que rondou os 200 milhões de euros. Mas não se concretizam quaisquer concursos suspeitos. Ainda estará a ser investigado. Rosário Teixeira refere-se, também, à transferência de dinheiro que Carlos Santos Silva fez da Suíça para Portugal ao abrigo do Regime Especial de Regularização Tributária, considerando-o nulo por ter apenas servido para “branqueamento de capitais”.

Já o Correio da Manhã diz que o procurador afirma que os pressupostos da prisão preventiva – nomeadamente o da perturbação do inquérito e o perigo de fuga – estão ainda mais fortes. O facto de Sócrates e do próprio advogado, João Araújo, se desdobrarem em entrevistas assim o enunciam. E as ligações de Sócrates à América Latina fariam com que facilmente o ex-primeiro-ministro conseguisse asilo político num país daquela região.

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