As eleições presidenciais e legislativas na Nigéria foram adiadas por falta de segurança. As eleições presidenciais iam ter lugar no próximo fim de semana, mas os sucessivos ataques do grupo extremista Boko Haram levaram a um adiamento da votação por seis semanas. Associações de direitos humanos temem que não haja eleições de todo e falam em golpe de Estado.
De acordo com a comissão eleitoral, as eleições presidenciais serão no dia 28 de março e as legislativas no dia 11 de abril. No escrutínio, o presidente nigeriano Jonathan Goodluck vai enfrentar a oposição de Muhammadu Buhari, um militar reformado que uniu a oposição. Sondagens dão uma luta renhida para a eleição que acontece assim só no final de março.
De acordo com as agências internacionais, a comissão eleitoral do país diz que o adiamento vai ajudá-la a distribuir os cartões de voto a mais de 68,8 milhões de eleitores. Attahiru Jega, da comissão eleitoral da Nigéria disse que “a segurança não podia ser garantida durante o período de fevereiro proposto para as eleições gerais”, especialmente nos estados de Borno, Adamawa, Gombe e Yobe, por causa da ameaça de ações do Boko Haram.
Para o principal partido de oposição nigeriano, a decisão de adiar as eleições é vista como um retrocesso democrático. O Congresso de Todos os Progressistas (APC), que tem em Muhammadu Buhari o seu candidato presidencial, descreveu a decisão como sendo “claramente um grande recuo para a democracia nigeriana” e “altamente provocativo”, de acordo com um comunicado divulgado este domingo. O secretário de Estado dos Estados Unidos, John Kerry, já disse que estava “profundamente dececionado” com o desenrolar dos acontecimentos.
A decisão foi no entanto acolhida com desconfiança pelas associações de direitos civis que denunciam que os militares e os serviços secretos pressionaram a comissão para adiar a votação. Diz Jibrin Ibrahim, diretor da associação Center for Democracy and Development, diz que o adiamento é decidido tendo como base “uma coisa que eles não têm sido capazes de controlar nos últimos anos” e por isso “não conseguirão lidar em seis semanas”. E chegando ao fim desse prazo, acredita, “podem procurar por outro adiamento”.
“A consequência [desta decisão] é que podemos nem ter uma eleição. É um golpe de Estado pelos militares”, acrescenta.
Já para a comissão eleitoral, está em causa está o facto de o país atravessar um período conturbado com uma série de ataques e raptos pelo grupo extremista Boko Haram. Attahiru Jega, da comissão eleitoral da Nigéria, espera que “a situação de segurança melhore”.
Só no ano passado, o grupo extremista Boo Haram, que luta para implementar na Nigéria leis islâmicas, matou mais de 4.700 pessoas e levou a que mais de um milhão de nigerianos abandonassem as suas casas com medo da violência.