Só quem nunca deu por si a roer uma maçã com a casca toda pejada de unhadas é que não sabe o que significa lidar com os autocolantes que vêm colados à fruta. É comum ver uma maçã ou uma banana com etiquetas da “Chiquita” ou da não menos famosa “Del Monte”, mas a sua função e natureza continuam a ser para a maioria dos consumidores um verdadeiro mistério alimentar que aqui se trata de esclarecer em oito passos.
1. Há um lado prático nestes autocolantes que todos os funcionários do supermercado vão agradecer que compreenda: no meio de tanta fruta, com tantas proveniências e preços, a etiqueta é uma ajuda fundamental no momento de registar a compra. Lembre-se disso quando pensar em arrancar o autocolante antes do tempo.
2. Não é preciso ser um génio da matemática para usar os números dos autocolantes para perceber o que está a comprar. Regra geral, se o número só tiver quatro dígitos é porque se trata de fruta cultivada da forma mais convencional – com recurso a pesticidas. Já os cinco dígitos podem apontar em dois sentidos: se a sequência começar com um 8 é fruta modificada geneticamente e se começar com um 9 é orgânica. Há variações, claro, mas já fica com uma pista.
3. É compreensível que já tenha receado morder uma maçã com restos de cola, mas não tem de se preocupar mais. Há normas que garantem que a cola destes autocolantes é digerível. E não é por acaso que são diferentes para a fruta que se come com casca (como a referida maçã) ou para a fruta que se come descascada (o caso da banana ou das laranjas que só Rui Veloso sugere que se roam na falésia).
4. Caso esteja distraído e acabe por engolir um autocolante, não é grave. O papel utilizado é comestível. Não significa isto que o deve introduzir na sua dieta diária, mas também não será por isso que a fruta deixa de ser um alimento saudável.
5. Não se ponha a imaginar pessoas com os dedos cheios de artroses a colar autocolantes manualmente, fruta a fruta. Há máquinas que tratam do assunto de forma industrial. Até porque a fruta comprada ao produtor ou em mercados biológicos geralmente não tem disto.
6. Quando é preciso arrancar uma etiqueta de um prato ou da caixa de um DVD, o truque é usar álcool. Na fruta não é uma boa opção, mas não significa que não haja como facilitar a tarefa: aplique fita-cola sobre o autocolante e puxe com força. Já está.
7. Desde Junho de 2013 que a União Europeia aprova a utilização da gravação por laser em vez do autocolante. Esta solução representa custos menores, um menor impacto ambiental e diminui o risco da confusão de etiquetas para a qual se alerta logo no ponto 1. Talvez um dia deixe mesmo de encontrar autocolantes na fruta.
8. O laser é uma dor de cabeça para quem tem uma relação emocional com os autocolantes. E sim, essas pessoas existem. Há vários colecionadores que não só desenvolvem técnicas de arquivamento elaboradas – as tiras usadas para a filatelia são muito apreciadas – como técnicas de roubo que passam por sair do supermercado com autocolantes no interior das mangas. Se quer começar a colecionar, é agora.