O Estado Islâmico (EI) está a ponderar usar a Líbia como uma ponte para a Europa, conta o Telegraph. O plano é simples: misturar-se entre os milhares de imigrantes ilegais que tentam entrar no sul da Europa e depois definir alvos para atacar, que poderão até passar por navios. A Líbia foi recentemente o palco de um homicídio em massa de 21 egípcios cristãos, o que atesta o posicionamento no terreno por parte dos jihadistas, obrigando a coligação a abordar esta ameaça com seriedade.
O diário inglês avança esta teoria agarrando-se a cartas de apoiantes do grupo extremista, mas dá destaque a uma que terá sido escrita por um propagandista do Estado Islâmico, que é tido como um recrutador importante de terroristas para atuar na Líbia. Abu Arhim al-Libim afirmou que aquele país “tem potencial”, até porque está a menos de 480 quilómetros da Europa. No tal vídeo em que documentam a execução de 21 egípcios, e que levou o governo do Egipto a bombardear o EI, os extremistas declararam que iriam “conquistar Roma”. Tripoli fica localizada a menos de 2200 quilómetros da capital italiana.
O propagandista refere-se aos países do sul da Europa como “Estados das Cruzadas”, que seriam “facilmente alcançados”, até em “barcos rudimentares”. Abu Arhim al-Libim mencionou ainda que o número de viagens de imigrantes ilegais para esta zona da costa europeia é “enorme” e que criaria um “pandemónio” para aqueles países se essas viagens fossem “exploradas e desenvolvidas estrategicamente.”
O Telegraph revela também que o líder do MI6, Sir John Sawers, aconselhou o envio de tropas britânicas para o território líbio para travar a sua “exploração por parte de fanáticos”. A AFP deu conta esta manhã da preocupação do ministro dos Negócios Estrangeiros italiano, Paolo Gentiloni, que reconheceu o risco de coligação entre o Estado Islâmico e milícias locais na Líbia. A Itália, recorde-se, é o país europeu mais próximo da Líbia e que tem enfrentado as as maiores vagas de imigrantes ilegais.
“Estamos perante um país com um vasto território, no qual as instituições falharam, e onde há potenciais consequências gravosas, não só para nós como também para a estabilidade e sustentabilidade do processo de transição dos estados africanos vizinhos”, avisou Gentiloni, citado pela AFP. “Temos de ter claro: a situação piorou. O tempo à nossa disposição não é infinito e está em risco de acabar brevemente.” O ministro, porventura temendo colocar a Itália no centro do furacão, explicou que “estar na linha da frente não significa anunciar aventuras ou cruzadas”.