O secretário-geral da Federação Nacional de Professores defendeu esta terça-feira, tal como o Conselho Nacional de Educação, a necessidade de “atacar” as razões que levam ao insucesso escolar e promover a organização do sistema educativo.

O presidente do Conselho Nacional de Educação (CNE), David Justino, defendeu na segunda-feira que as elevadas taxas de retenção de alunos (chumbos) são “o problema mais grave do sistema educativo”, o qual quer ver na agenda dos partidos e das políticas públicas.

Em declarações hoje à agência Lusa, o secretário-geral da Federação Nacional de Educação (FNE), João Dias da Silva, disse que as “afirmações” de David Justino “coincidem com as preocupações” da federação, que tem identificado o insucesso escolar “como um dos problemas mais graves” do sistema educativo.

“Além do insucesso escolar, temos ainda o abandono escolar, que apesar de ter baixado, Portugal continua a ser um dos países da União Europeia com uma elevada taxa de insucesso”, disse.

No entender de João Dias da Silva, é preciso “atacar as razões” que levam a esse insucesso e contribuir para que a escola promova o sucesso de todos os alunos.

“A equidade no acesso ao sucesso é fundamental e deve ser garantida pelo sistema educativo público. Esta é uma responsabilidade da escola pública e significa que, da parte da organização do sistema educativo, tem de haver recursos humanos e materiais”, considerou.

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João Dias da Silva defendeu igualmente uma organização da própria escola que resolva os problemas do elevado número de alunos por turma, dos apoios aos alunos com necessidades educativas especiais e pela superação de dificuldades logo que estas sejam identificadas.

“As questões do insucesso combatem-se assim que elas são identificadas, e se possível preventivamente, fazendo com que as insuficiências de base possam ser resolvidas anteriormente”, disse.

O responsável defendeu ainda a continuação do esforço na educação para a infância que, juntamente com o primeiro ciclo, é fator essencial na promoção de percursos escolares de sucesso.

Numa conferência de imprensa em que apresentou a recomendação do CNE ao Governo relativa à retenção no ensino básico e secundário, David Justino referiu a necessidade de trazer o tema para a discussão política, dizendo que deve estar na agenda dos partidos, se se quiser combater o fenómeno que envolve cerca de 150 mil alunos no sistema de ensino (público e privado), com um custo de cerca de 600 milhões de euros, se se admitir que cada aluno custa ao Estado cerca de quatro mil euros por ano.

Nas recomendações ao Governo o CNE sublinha a necessidade de dar “efetivas condições às escolas” que permitam criar “melhores condições de aprendizagem”, não só por uma melhor afetação de recursos humanos, como também por uma especialização em trabalho de recuperação de alunos e libertar escolas e diretores de “solicitações de cariz burocrático-administrativo”, vistas como um obstáculo a lideranças orientadas para o sucesso educativo.

O CNE recomenda ainda a reorganização dos percursos escolares, “evitando a excessiva segmentação, que favorece a retenção, dando particular atenção ao 1.º e 2.º ciclos”.