Luís Marques Mendes considerou este sábado que “ninguém sai bem nesta foto” da polémica sobre a lista de contribuintes VIP e que o secretário de Estado dos Assuntos Fiscais está “politicamente fragilizado”.

O social-democrata, no seu habitual comentário na SIC, disparou em todas as direções. “O que aconteceu é muito mau e muito feio. O diretor geral andou a esconder informação. Paulo Núncio não sabia o que se passava na sua casa. O primeiro-ministro transmitiu informação errada ao país, o que não é confortável. (…) O silêncio da ministra das Finanças é ensurdecedor. Ficava-lhe bem uma palavra pública”, declarou, classificando tudo de “uma novela de má qualidade”.

“A imagem que passa para o país é de degradação”, sublinhou. Sobre o secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, Paulo Núncio, explicou que a sua “autoridade política claramente que fica diminuída pois as pessoas acham que o homem não sabe o que se passa na sua casa e, assim, como vamos acreditar nele?”. Mendes acrescenta, no entanto, que não é caso único pois “membros do Governo fragilizados já devem ir num terço”.

Mesmo assim, agora que os principais responsáveis do Governo e da Autoridade Tributária já foram ouvidos no Parlamento, o ex-líder do PSD considera que “é preciso restaurar confiança na administração fiscal e criar um sistema de alerta, sim, mas para todos os contribuintes”. Já sobre a posição do PSD de enviar as atas das audições para o Ministério Público, Mendes alertou, tal como o porta-voz do PSD, que é preciso ver que isso pode originar “mais processos crime que criam perturbação”, nomeadamente, contra os funcionários que terão ido ver indevidamente dados de políticos.

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Mas as críticas à ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, não se ficam por aqui. O social-democrata não gostou de ouvi-la dizer que Portugal tem “os cofres cheios” numa iniciativa da JSD, considerando que isso revelou “insensibilidade social”. “É de muito mau gosto, é ofensivo para quem não tem emprego ou corte nos salários e pensões”, disse, aproximando-se das declarações que também este sábado o líder do PS fez a propósito dos cofres do Estado. A ministra “anda um bocadinho deslumbrada e devia ser mais prudente e cautelosa”, aconselhou.

Luís Marques Mendes comentou ainda a segunda audição de Ricardo Salgado no Parlamento na comissão de inquérito à gestão do Grupo Espírito Santo, considerando que o ex-banqueiro e o ex-primeiro-ministro José Sócrates, detido em prisão preventiva na cadeia de Évora, “são almas gémeas”. A teimosia “em não pedir desculpa” e em atribuir culpas a terceiros é igual, defendeu.