A Rússia declarou-se “desapontada” com a operação militar lançada por uma coligação internacional contra os rebeldes ‘huthis’ no Iémen sem mandato da ONU e instou todas as partes em conflito a cessar os combates e negociar.

“É claro que ficámos um pouco desapontados, falando polidamente, com o facto de esta operação ter começado sem consultas ao Conselho de Segurança” da ONU, declarou o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Lavrov, numa entrevista à agência de notícias Rossia Segodnia.

A intervenção militar lançada no final de de março por uma dezena de países, e liderada pela Arábia Saudita, “não tem, neste momento, qualquer fundamento legal ao nível internacional”, sublinhou Lavrov.

O chefe da diplomacia russa apelou a todas as partes no conflito no Iémen para que ponham fim à violência, que fez mais de 110 mortos nas últimas 24 horas, e “retomem a via para uma solução pacífica”.

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“Os ‘huthis’ devem pôr fim à sua operação no sul do Iémen (…) E este cessar-fogo deve ser incondicional. A coligação deve cessar os seus ataques aéreos”, insistiu.

“Todas as partes [em conflito] no Iémen devem sentar-se à mesa de negociações. Não está além das nossas capacidades”, defendeu o ministro russo.

A Rússia já tinha exigido no sábado, no Conselho de Segurança da ONU, uma pausa na campanha de ataques aéreos da coligação árabe, devido a uma situação humanitária que não para de piorar.

A coligação liderada pelos sauditas iniciou a 26 de março raides contra os rebeldes xiitas, apoiados pelo Irão, que tomaram o controlo de vastas parcelas do território iemenita.

Ao 12.º dia da operação, os combates concentram-se no sul do país, onde pelo menos 114 pessoas foram mortas, 53 das quais em Aden, segunda maior cidade do Iémen, segundo um balanço obtido de diferentes fontes.

Em Riade, o conselho de ministros, presidido pelo rei Salman, repetiu hoje, no entanto, que o reino saudita “não é partidário da guerra” e que a sua campanha no Iémen visava “socorrer um país vizinho e a autoridade legítima”.