Vitórias nas eleições europeias, nas eleições departamentais e nas eleições locais. Tudo parecia correr bem à Frente Nacional até Jean-Marie Le Pen ter voltado a dizer que as câmaras de gás foram um “detalhe” na Segunda Guerra Mundial. A filha e líder do partido, Marine Le Pen, veio dizer que não concordava com estas afirmações do pai. Jean-Marie, que fundou o partido em 1972, respondeu novamente a dizer que “só se é traído pelos mais próximos”. A guerra está aberta na família Le Pen e na Frente Nacional.
“Eu oponho-me à candidatura de Le Pen [como principal candidato nas eleições regionais em Provence-Alpes-Côte d’Azur], porque ele está numa espiral entre a estratégia de terra queimada e um suicídio político. A Frente Nacional não vai ficar refém desta provocação grosseira”, disse Marine Le Pen ao jornal Le Monde. A própria líder da Frente Nacional admite que esta é uma crise “sem precedentes”no partido e o jornal francês refere que a eurodeputada nunca falou neste termos sobre o pai.
Esta crise surgiu depois de Jean-Marie Le Pen, também eurodeputado e fundador da Frente Nacional, ter dito na semana passada que mantém uma das suas afirmações mais polémicas: as câmaras de gás foram “um detalhe” na II Guerra Mundial. “Eu mantenho absolutamente o que disse porque acredito ser a verdade e que isso não deve chocar ninguém”, disse Jean-Marie Le Pen em entrevista à BFMTV-RMC. Marine Le Pen e várias figuras destacadas do partidos vieram discordar publicamente do patriarca.
Agora, Jean-Marie deu mais uma entrevista ao jornal de extrema-direita Rivarol, em que admite que “a maior parte das vezes se é traído pelos que são mais próximos”. Ainda na mesma entrevista, Le Pen provoca Manuel Valls, questionando: “Valls é francês há 30 anos, eu sou francês há mil ano. Qual é o verdadeiro apego real de Manuel Valls a França? Este imigrante mudou completamente os seus pontos de vista?”. Frases como esta têm provocado reações acesas na Frente Nacional que passou os últimos anos a limpar a imagem de partido xenófobo e de extrema-direita, como é patente neste tweet do vice-presidente da Frente Nacional, Louis Aliot.
1/2 L'entretien de JMLP dans ce torchon antisémite est parfaitement scandaleux et nos désaccords politiques désormais irréconciliables.
— Louis Aliot (@louis_aliot) April 8, 2015
A guerra, agora dentro da família Le Pen, vem afetar as próximas eleições regionais, já que Jean-Marie disse ser o cabeça de lista à região de Provence-Alpes-Côte d’Azur, mas poderá perder o apoio do partido devido às suas afirmações polémicas, tal como indica Florian Philippot, também vice-presidente da Frente Nacional, que avisa que o partido vai tomar medidas imediatamente.
La rupture politique avec JMLP est désormais totale et définitive. Sous l'impulsion de Marine Le Pen des décisions seront prises rapidement.
— Florian Philippot (@f_philippot) April 8, 2015