A líder da extrema-direita francesa, Marine Le Pen, e 26 membros da União Nacional (RN, na sigla em francês) serão julgados em setembro por suspeita de desvio de fundos europeus, anunciou esta quinta-feira o Tribunal de Paris.

“Poderemos finalmente defender-nos”, disse o ex-vice-presidente do RN e presidente da Câmara de Perpignan, Louis Aliot, que juntamente com Marine Le Pen, sempre negou as acusações de que é alvo.

Os magistrados suspeitam que, entre 2004 e 2016, os representantes do RN colocaram em prática “de maneira concertada e deliberada” um “sistema de desvio” dos envelopes (21 mil euros por mês) atribuídos pela União Europeia (UE) a cada eurodeputado para pagar a assistentes parlamentares que trabalhavam total ou parcialmente para o partido. 

O tribunal decidirá a 3 de julho, após parecer de peritos, se o pai de Marine Le Pen e fundador da Frente Nacional, depois renomeada União Nacional, Jean-Marie Le Pen de 95 anos, está apto a preparar a sua defesa e a assistir ao julgamento. “O senhor Le Pen já não se pode deslocar e as suas faculdades estão consideravelmente afetadas”, declarou ao tribunal o seu advogado, François Wagner.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Entre os arguidos estão também 11 deputados europeus eleitos nas listas da FN, 12 dos seus assistentes parlamentares e quatro funcionários do partido.

A investigação teve início em março de 2015, quando o Parlamento Europeu anunciou que tinha remetido para o gabinete antifraude da UE possíveis irregularidades cometidas pela FN relativamente aos salários pagos aos assistentes parlamentares. Em 2016, as investigações foram entregues a dois juízes de instrução financeira de Paris.

Marine Le Pen acusada de desvio de fundos públicos na contratação de assistentes

Marine Le Pen foi acusada em junho de 2017 de abuso de confiança e cumplicidade, acusações posteriormente reclassificadas como “desvio de fundos públicos”. Em 2018, o Parlamento Europeu estimou as suas perdas em 6,8 milhões de euros nos anos de 2009 a 2017.

Este anúncio do Tribunal de Paris surge a poucas semanas das eleições para o Parlamento Europeu, que ocorrem de 6 a 9 de junho, nas quais o partido RN liderado por Jordan Bardella está em vantagem nas sondagens, com 30% das intenções de voto dos eleitores na França.