A cerca de 30 quilómetros da fronteira com a Mongólia, no cimo de uma montanha siberiana, fica Por-Bajin, aquele que é considerado o monumento mais enigmático da Rússia.

O complexo, composto por mais de 30 edifícios, semelhante a uma fortaleza ou kremlin, parece ter sido construído para afastar os inimigos. Para alguns investigadores, porém, poderá ter tido outro propósito. Mas, a verdade, é que 120 anos depois da sua primeira exploração, Por-Bajin permanece um mistério.

Por-Bajin, que significa “casa de barro” na língua tuva, foi provavelmente construída em 757 a.C. na República de Tuva, no extremo sul da Sibéria. Localizada numa pequena ilha no lago de Tere-Khol, entre as Montanhas de Sayan e Altai, ocupa uma área de cerca de três mil metros quadrados.

Apesar de não se saber ao certo como ou porquê foi construída, pensa-se que seja uma obra dos uigures, um povo nómada de origem turca cujo império se estendia desde a Mongólia até ao sudeste da Sibéria. Os seus descendentes vivem ainda hoje naquela zona, habitando principalmente a região do oeste da China.

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De acordo com o Siberian Times, o complexo foi explorado pela primeira vez em 1891. Uma segunda escavação só aconteceu muito mais tarde, em 1957. Em 2007, foi feita a grande primeira escavação, a cargo da arqueóloga Irina Arzhantseva.

Durante essa escavação, foram encontrados vários objetos datados de meados do século VIII a.C., altura em que a região se encontrava sob o domínio uigure. Apesar disso, nenhum descoberta feita até ao momento foi capaz de desvendar o verdadeiro propósito do complexo. “Por-Bajin é legalmente tratado como um dos monumentos arqueológicos mais misteriosos de toda a Rússia“, pode ler-se no site oficial do monumento.

“Aparentemente, foi construído durante o período do império nómada Uighur Khagante, mas não se sabe porque é que eles construíram uma fortaleza num local tão isolado, longe das rotas comerciais e dos povoados”, refere o site.

O modelo arquitetónico do complexo faz levantar também várias questões. Os materiais usados mostram que foi construído seguindo o modelo chinês. “O edifício segue provavelmente as características de construção da arquitetura chinesa da Dinastia T’ang”, refere Irina Arzhantseva, num artigo publicado na European Archaelogist, em 2011.

“Descobertas de fragmentos de madeira queimada mostram o uso de uma técnica tipicamente chinesa, chamada dou-gung, usada para interligar os suportes de madeira”, refere o artigo.

Por outro lado, as evidências sugerem que o espaço foi ocupado por pouco tempo ou que era usado apenas sazonalmente, provavelmente durante os meses de verão. Tratar-se-ia provavelmente de um complexo palaciano, construído em redor de um mosteiro budista.

Enquanto a discussão perdura, Por-Bajin continua a deslumbrar aqueles que a visitam. “Já estive em muitos lugares, já vi muitas coisas, mas nunca vi nada como isto”, disse Vladimir Putin, durante uma visita ao local na companhia do Príncipe Alberto do Mónaco, em 2007.