As autoridades norte-americanas acreditam que Navinder Singh Sarao, um pacato morador de um bairro indiano em Londres, terá estado na origem do flash crash da bolsa de Nova Iorque, em maio de 2010, um acontecimento que ficou para a História dos mercados bolsistas mundiais pela rapidez com que se esfumaram vários milhares de milhões de dólares em valor de mercado das empresas norte-americanas cotadas em bolsa. O homem foi detido na terça-feira, para ser interrogado, ao cabo de quase cinco anos de investigação às origens do incidente.

Através de um modelo de negociação algorítmica, Sarao, de 37 anos, terá encontrado uma forma de manipular o mercado recorrendo a transações fantasma que precipitaram a queda abrupta do mercado norte-americano a 6 de maio de 2010, poucos dias antes do primeiro resgate à Grécia. As autoridades dos EUA, que acreditam que o insuspeito trader bolsista não agiu sozinho mas terá tido um papel determinante no incidente, querem agora a extradição do homem que negociava através de uma empresa com sede fiscal na pacata casa dos pais, na zona de Hounslow.

No flash crash, em poucos segundos, o índice Dow Jones Industrial Average caiu mais de 1.000 pontos, o equivalente a 9% do valor do índice que mede o desempenho de 30 das maiores empresas dos EUA. Passados poucos minutos, o índice bolsista voltou ao normal, não sem antes Navinder Singh Sarao ter conseguido lucrar mais de 40 milhões de dólares com esta manipulação do mercado. Isto segundo o relato que está a ser difundido pelas autoridades norte-americanas.

Sarao é visto como um homem pacato, que nunca esteve registado como trabalhador de qualquer grande banco ou corretora mas que há vários anos se dedicava à negociação bolsista. Os relatos feitos pelos vizinhos contactados pelo Financial Times e pelo The Telegraph diferem sobre se o homem é ou não casado. Este último jornal diz que este é casado e tem dois filhos, mas que era raramente visto pelos vizinhos.

“São uma família pacata, dizem bom dia boa tarde, pouco mais do que isso. Os dois pais trabalham e o filho vive ao lado com a mulher e com as duas filhas. Nunca ninguém me disse que eles eram ricos”, disse um vizinho ao The Telegraph. Um outro vizinho, contactado pelo Financial Times, diz que Navinder Singh Sarao conduz um carro velho, verde, que pertence aos pais. Pais que “são pessoas muito humildes” e que “vão ao gurdwara [templo sikh] todos os domingos”.

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