Os Pilares da Criação, berço de estrelas revelado pelo telescópio espacial Hubble, continuam a desfazer-se, desaparecendo ao fim de três milhões de anos, tempo reduzido em astronomia, devido à radiação intensa das estrelas, divulga um estudo.

Uma equipa italo-alemã de astrónomos concluiu que os Pilares da Criação terão uma “esperança de vida” de mais três milhões de anos, “um piscar de olhos no tempo cósmico”, segundo o Observatório Europeu do Sul (OES), já que o Universo tem cerca de 14 mil milhões de anos.

Para estimarem o prazo, os especialistas mediram, com o auxílio do espectroscópio MUSE, instalado no telescópio ótico VLT do OES, no Chile, a taxa de evaporação dos pilares – colunas que se formaram em nuvens gigantes de gás e poeira, onde nascem novas estrelas.

Numa nota, o OES, organização da qual Portugal faz parte, explica que “a radiação intensa e os ventos estelares emitidos pelas estrelas brilhantes do aglomerado [estelar] associado esculpiram os Pilares da Criação ao longo do tempo e deverão fazer com que estes desapareçam completamente dentro de três milhões de anos”.

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Deste modo, a equipa do estudo sugere que os Pilares da Criação, mostrados pelo Hubble, pela primeira vez, em 1995 e, com maior precisão, em 2015, também poderiam designar-se como Pilares da Destruição.

Os Pilares da Criação situam-se na Nebulosa da Águia, na constelação da Serpente, a sete mil anos-luz da Terra. Perdem cerca de 70 vezes a massa do Sol (estrela que tem 4,5 mil milhões de anos) a cada um milhão de anos. As colunas de gás e poeira têm uma massa perto de 200 vezes a da massa solar.

Com o MUSE, o grupo de astrónomos criou, ainda, a primeira imagem completa em três dimensões dos Pilares da Criação, tendo com ela identificado, pela primeira vez, um jato de gás lançado por uma estrela jovem.

O estudo é publicado hoje na revista Monthly Notices, da Royal Astronomical Society, associação centenária britânica que apoia a investigação em astronomia.