Há oito anos não tivera sorte nenhuma, nadinha mesmo, quando na final apanhou com o sérvio que hoje não se cansa de correr mora há meses e meses na liderança do ranking mundial. Em 2007 perdeu contra Novak Djokovic. Depois, há três anos, o azar também foi mais rápido a chegar-lhe à porta quando, em mais uma final, teve que trocar bolas com um gigante argentino que estava decidido a renovar o título de campeão. Por isso, em 2012, perdeu com Juan Martin del Potro. Mas agora não. À terceira final a que chegou, o francês Richard Gasquet, por fim, conseguiu conquistar o Estoril Open. O tenista francês Richard Gasquet sagrou-se hoje campeão de singulares do Estoril Open,

E conseguiu-o porque não demorou muito a vencer Nick Kyrgios, o australiano que na última semana caíra no goto dos adeptos com a simpatia, boa disposição e disponibilidade que foi deixando no Clube de Ténis do Estoril. Mas ao grandalhão (1,93 m) de 20 anos, dos que gostam de servir com força e apostar nas brutas pancadas de direito no fundo do court, de nada valeu a descontração, pois nunca conseguiu ser melhor que Gasquet durante a final que, este domingo, quase encheu os cerca de três mil lugares nas bancadas do estádio do torneio.

Sobretudo por o gaulês, atual 28.º jogador mundial, ter errado muito pouco durante o encontro. No final do primeiro set, por exemplo, quebrou por duas vezes o serviço a Kyrgios e fechou o parcial com apenas um erro não forçado, contra os sete que o australiano somou. Ele que, no final, quando já estavam no centro do court e com os respetivos troféus nas mãos, até disse, a brincar, que “mesmo jogando muito bem, não [conseguiu] vencer”. Aí já estava bem disposto, mas durante o jogo nunca esteve muito.

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Nick chegou a bater com as cordas da raquete na própria cabeça, a atirá-la umas quantas vezes contra o pó de terra batida do court e, às tantas, até pegou numa bola e bateu bem para fora do estádio, após perder um ponto — algo que até lhe valeu um warning (aviso) por parte do juiz de cadeira da final. Kyrgios nunca escondeu a frustração de muito pouco conseguir fazer contra Richard Gasquet, que se habituou melhor ao court mais pesado e lento devido à chuva que caíra durante a manhã de domingo. Por isso o francês, de 28 anos, só demorou uma hora e quatro minutos a fechar a final com os parciais de 6-3 e 6-2 e a ganhar ao australiano, de 20. E Gasquet já não competia há mês meio por culpa de uma teimosa lesão no ombro.

O tenista francês, a quem chamam Petit Mozart (Pequeno Mozart)e, dizem, tem uma das pancadas de esquerda a uma mão mais elegantes do circuito, volta assim a conquistar um torneio em piso de terra batida, algo que não lograva fazer desde 2010. Ao todo, este é o 12.º título na carreira de Richard Gasquet, homem que, em 2007, chegou a ser o número sete do ranking ATP (Association of Tennis Professionals). Agora leva para casa um cheque de 80 mil euros e, por fim, inscreve o nome na lista de vencedores do maior torneio de ténis português. E foi preciso a prova sair do Jamor e fixar-se no Clube de Ténis do Estoril para o conseguir.

E pronto, para o ano há mais.