O ser humano é um animal estranho. E comporta-se às vezes de modo tão peculiar que nem sempre consegue explicar por que faz o que faz. A ciência, no entanto, já encontrou respostas para entender o que está por detrás de alguns comportamentos estranhos que fazem parte da conduta humana. De alguns mais básicos, até outros bem complexos.
Comecemos pelos simples:
Porque é que muitos de nós não repomos o papel higiénico?
É tão irritante chegar à casa de banho e não encontrar o rolo de papel higiénico pronto a utilizar, como aborrecido ter de colocar um novo sempre que ele acaba. Mas, se é algo necessário, por que razão é tão difícil para alguns cumprir essa simples tarefa? Os psicólogos da Universidade de Nova Iorque explicam: uma tarefa tem de ser estimulante para ser interessante ao ser humano. Para que haja motivação para levar a cabo uma ação, ela tem de obedecer a três fatores: competência, autonomia e parentesco. Repor um rolo, de facto, o que pode haver de mais desinteressante?
Porque é que alguns estão sempre a fingir que sabem tudo?
Também chamado de “chico-espertismo“, sobretudo por quem está saturado daqueles que nunca sabem dizer “não sei”. De onde vem essa tendência incontrolável de não admitir algo tão natural, o não dominar todos os temas? Os cientistas (também) explicam: ninguém tem completa consciência do que sabe e do que não sabe. Por isso, sempre que nos fazem uma pergunta, o cérebro começa a inferir conclusões a partir dos dados que tem armazenados. E assim transmite um falso conhecimento. E há muitos que não resistem em expressa-lo. Constantemente!
Porque há tantas traições?
“A culpa não é tua, é minha. Não resisti”: um clássico das histórias de traições nas relações amorosas em todo o mundo. Ora porque a rotina não ajuda, ou porque a vida íntima já não é o que era ou então porque sim. São desculpas típicas para a traição, mas que têm por detrás um fundamento científico: o ser humano não está biologicamente programado para a monogamia. Esse foi um conceito criado pelo contexto social e cultural. Geneticamente, o homem não foi feito para ter apenas um parceiro – e isto é válido para ambos os géneros.
Porque gostamos de falar mal dos outros?
De acordo com a ciência, falamos mal dos outros para criar conexões sociais com as pessoas que nos rodeiam. Ao partilhar impressões sobre terceiros tendemos a criar uma sensação de confiança e intimidade, principalmente se as opiniões forem as mesmas da pessoa com quem falamos. Quando esse laço está criado, é normal que ambas as partes comecem a partilhar segredos um com o outra. Irónico, não é?
Porque trememos ao adormecer?
Faz parte daquele conjunto de pessoas que treme quando passa pelo primeiro sono? Não se preocupe: 70% dos indivíduos no mundo têm essa reação. Na verdade, são contrações musculares involuntárias criadas por uma falha nervosa quando o corpo sai do estado de alerta antes de adormecer.
E porque mentimos?
O ser humano é um animal muito adaptável. Para o bem e para o mal. E isso inclui enganar os outros: mentimos porque as pessoas conseguem alterar os seus princípios muito rapidamente para irem de encontro aos comportamentos de que necessitam num determinado momento. Isto é válido até quando há noção da imoralidade de uma mentira. Tudo por causa da necessidade de nos adaptarmos.
Sonhar
Podia escrever-se um livro inteiro só compilando as teorias que tentam explicar cientificamente porque é que sonhamos. Este é um assunto que divide a comunidade científica.
Uma das teorias diz que sonhamos para simular comportamentos que levem à recompensa ou à punição: se sonhamos com algo bom, vamos tentar realizá-lo em consciência; mas quando sonhamos com algo mau tentamos evitá-lo.
Outros psiquiatras defendem que somos capazes de sonhar com grandes acontecimentos, que organizamos através do sonho: se durante o dia se desenrolou um evento importante para a vida é natural que ele venha a estar representado nos sonhos.
Uma outra hipótese assume que sonhamos para nos livrarmos de associações indesejáveis em que fomos evitando pensar ao longo do dia. Mas há uma teoria contrária que diz que sonhar ajuda-nos a consolidar melhor as aprendizagens que adquirimos em consciência.
Alguns cientistas dizem que os sonhos e a memória andam de mão dada: para eles, as histórias dos sonhos são geradas aleatoriamente para serem armazenadas temporariamente antes de passarem a fazer parte das experiências guardadas a longo prazo.
Sonhar também pode ajudar-nos a viver: os sonhos podem simular o risco para ensaiar a perceção da ameaça. Se vivermos essa experiência anteriormente podemos evitar o perigo com mais perspicácia.
Mas como pode tudo isto acontecer? A comunidade científica acredita que os sonhos não passam de efeitos colaterais de uma falha nos circuitos do tronco cerebral que são estimulados pelo sistema límbico, responsável pelas emoções, sensações e memórias.