A agência de notação financeira Fitch cortou o rating de quatro bancos portugueses (BCP, Banco BPI, Montepio e Banif) devido às alterações das regras, a nível europeu, que tornam mais improvável o apoio estatal às instituições financeiras.

“Estas ações de ‘rating’ foram conjugadas com a revisão da Fitch para o apoio soberano à banca em termos gerais, anunciado em março de 2014. Em linha com as expectativas anunciadas em março do último ano e comunicadas com regularidade desde então, a Fitch acredita que as iniciativas legislativas, regulatórias e políticas reduziram substancialmente a probabilidade de os bancos comerciais dos Estados Unidos (EUA), Suíça e União Europeia receberem apoios estatais”, lê-se num comunicado hoje divulgado pela Fitch.

Assim, a notação enquanto emissor de dívida de longo prazo do BCP baixou de ‘BB+’ para ‘BB-‘; a do BPI de ‘BB+’ para ‘BB’; a do Montepio de ‘B+’ para ‘BB’ e a do Banif de ‘BB’ para ‘B-‘.

Quanto aos ‘outlooks’ (perspetivas) fornecidos para as quatro instituições, houve uma manutenção da classificação de “estável” para o BCP, Montepio e Banif, ao passo que o ‘outlook’ do BPI, que estava sob observação, foi fixado em ‘positivo’, devido ao potencial de subida do ‘rating’ relacionado com a oferta pública de aquisição (OPA) lançada pelo CaixaBank.

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Dada a revisão às condições de apoio estatal à banca, as entidades passam agora a ser avaliadas pela sua capacidade de cumprir com as obrigações de dívida emitida por si próprios, o que explica este corte de ‘rating’.

Ainda que considerando que os bancos portugueses mantêm o seu caminho rumo à “estabilização”, particularmente no que toca aos indicadores da qualidade de ativos, e estejam a regressar gradualmente aos lucros, aproveitando as tendências de melhoria do ponto de vista macroeconómico, a Fitch salientou que estima que seja atingido um pico de ativos problemáticos em 2015.

“Esperamos que a rentabilidade dos bancos seja suportada por custos de financiamento mais baixos, particularmente nos depósitos, pela redução de incumprimento a nível doméstico, pelos resultados das operações internacionais e pela decrescente necessidade de constituir imparidades”, revelou a Fitch.

Porém, a agência alertou que a rentabilidade da banca portuguesa vai permanecer subjugada devido às baixas taxas de juro, ao processo de desalavancagem e à redução dos ‘spreads’ (margem de lucro) nos novos contratos de crédito.

E destacou que “o sistema bancário conta com um risco contingente relacionado com a venda do Novo Banco, já que teria que fazer face a eventuais perdas resultantes do processo de alienação”.

Segundo a Fitch, caso ocorram “perdas de larga escala, estas deveriam ser abatidas ao longo de vários anos, mas ainda existe incerteza sobre o mecanismo que iria ser usado para absorver tais perdas”.