O secretário-geral da CGTP defendeu hoje a urgência de a União Europeia (UE) mudar de políticas em relação à imigração, investindo nos países de origem dos imigrantes, e considerou que até agora apenas houve “declarações hipócritas”.

“Quando se avança com barcos de guerra para controlar a imigração é estar a dizer que se está a fugir do problema de fundo”, disse Arménio Carlos à Lusa quando participava numa iniciativa da central sindical contra o que chamou de “tragédia do Mediterrâneo”, onde muitas centenas de imigrantes têm morrido a tentar chegar à Europa.

A iniciativa da CGTP decorreu ao fim da tarde na rua do Carmo, em Lisboa, e apesar da música, microfones e discursos passou “ao lado” dos que circulavam no local, a maior parte turistas. Ainda assim associaram-se à ação outras organizações como o Movimento Democrático das Mulheres, o Conselho Português para a Paz e Cooperação ou o Movimento Erradicar a Pobreza.

Tudo no âmbito de dois dias de ações idênticas em vários países, uma “jornada mundial de solidariedade” para que “se pare a tragédia do mediterrâneo, agora”.

“Quando verificamos que pessoas estão a fugir de uma guerra para não morrer, e acabam por morrer no mar quando fugiam para viver, é evidente que estamos perante uma situação inadmissível e que implica medidas de fundo e não declarações hipócritas como se tem verificado nos últimos tempos, nomeadamente na UE”, justificou Arménio Carlos, defendendo a necessidade de parar as guerras nos países de origem da imigração, o que não tem acontecido por causa do “negócio das armas” e da “apropriação dos recursos naturais” desses países.

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O que devia de acontecer, acrescentou, era investir na paz e no desenvolvimento económico desses países, criando empregos, fixando as pessoas e dando-lhes dignidade. O que não devia acontecer na Europa, acrescentou, é o aumento da xenofobia. O dirigente deu como exemplo a pretensão da Hungria de construi um muro que a proteja da imigração sérvia, ou a legislação na Alemanha que vai afetar os imigrantes.

Com um cartaz onde se lia “Respeito pelos direitos dos povos, paz na região mediterrânica”, os poucos presentes ouviram sobre este assunto, além do secretário-geral, outros dois dirigentes sindicais, que recusaram as políticas da UE sobre a imigração, as quais não podem assentar “em medidas de circunstância”.

E lembrou-se que desde o início do ano já morreram afogadas no mar Mediterrâneo mais de 1.500 pessoa s, criticou-se uma Europa que “parece ter perdido a memória” e com uma “absoluta ausência de humanismo, de solidariedade e de respeito pelos mais elementares direitos humanos”.