Com uma idade média de 14 anos, a frota automóvel do Estado tem vindo a envelhecer, em particular desde 2010, reconhece o governo. Os números apresentados no quadro da estratégia para a mobilidade na administração pública revelam um parque automóvel com 26903 veículos e uma quilometragem média de 181.442 Km.

Os dados de 2014 mostram que houve uma redução de 5% (10% se consideramos as unidades que não estavam inventariados) no número de veículos desde 2010, mas é de “notar o envelhecimento do PVE (parque de veículos do Estado) em 2014, com uma idade média de 14 anos, valor que tem vindo a agravar-se desde 2010”, refere a resolução do Conselho de Ministros que aprovou o Programa de Mobilidade Sustentável para a Administração Pública 2015-2020 (ECO.mob), cujos detalhes foram publicados esta terça-feira em Diário da República.

O relatório do PVE indica ainda que 60% da frota tem mais de 13 anos e que apenas 9% tem uma idade inferior a quatro anos. Há ainda uma percentagem de 17% de veículos que tinha percorrido mais de 300 mil quilómetros. A esmagadora maioria do parque automóvel, cerca de 61%, é composta por ligeiros de passageiros e mistos. Ficam aqui mais alguns números para o retrato do parque automóvel do Estado

  • A Administração Interna (forças de segurança) é o ministério com mais veículos (11.912)
  • Os ligeiros de passageiros e mistos são 16.471, o que corresponde a 61,25% do parque
  • O Estado tem 5.515 ligeiros de mercadorias
  • A frota conta com 2.190 motociclos, 46 ciclomotores e sete triciclos
  • Na frota pública, há ainda 528 ambulâncias, 273 reboques e cinco tratores
  • Cerca de 36% dos veículos têm mais de 16 anos e a idade média é de 14 anos
  • 17% dos veículos têm mais de 300 mil km e 32% menos de 100 mil quilómetros percorridos
  • Metade da frota está afeta a serviços gerais e 49% a serviços especiais

Considerando que o PVE “apresenta uma idade média elevada, os ganhos ambientais de renovação da frota são significativos”. O principal objetivo do ECO.Mob é assim o de assegurar que a renovação da frota do Estado se fará com prioridade para a aquisição de veículos elétricos que apresentam já uma autonomia e condições técnicas “compatíveis com os requisitos de desempenho exigidos em parte significativa das deslocações diárias dos veículos na administração pública”. A redução do preço dos carros elétricos e expansão da rede de abastecimento, são outros argumentos referidos. 

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Meta de 1.200 carros elétricos até 2020

A meta passa assim por integrar na frota do Estado cerca de 1200 veículos elétricos até 2020, sendo este um dos principais contributos para a redução de custos da ordem dos 50 milhões de euros estimada para o horizonte de 2015 e 2020, e que resultam no essencial da “gestão eficiente da mobilidade e da redução de consumo de combustível”. Prevê-se a diminuição em 20% das emissões de dióxido de carbono (CO2) do parque automóvel do Estado.

O programa ECO.Mob está orçamentado em 41,5 milhões de euros que o governo pretende financiar com fundos oriundos dos programas do Portugal 2020 (financiamento comunitário). A tecnologia, onde entra a promoção de carros elétricos, assume a maior fatia de 25 milhões de euros, estando ainda previstos mais três eixos: gestão de mobilidade, comportamentos e ações transversais.

A aposta em relançar a mobilidade elétrica, já tinha sido assumida pelo ministro do Ambiente, Jorge Moreira da Silva. Só que enquanto o plano dos governos de Sócrates estava mais orientado para o financiamento público da compra de veículos elétricos por particulares, aqui é o Estado, que tem uma das maiores frotas automóveis do pais, a assumir um papel dinamizador.

A gestão da frota pública passa ainda pela redução do parque automóvel, por via do abate, e na gestão centralizada do parque automóvel, e na gestão da mobilidade dos funcionários do Estado. É aqui que entram as modalidades de car sharing e car pooling (partilha de carros), a promoção do uso de transportes públicos, a criação de condições para a utilização e estacionamento de bicicletas e ainda o maior recurso às videoconferência e ao teletrabalho.

Mas antes será promovido um estudo para a caracterização das deslocações na administração pública que visa identificar as necessidades “reais” e apontar pistas para uma gestão mais eficiente.