A agência de notação financeira Moody’s reviu hoje em baixa a previsão de crescimento de Angola para 4,1 por cento este ano e 4,7% em 2016, antecipando um défice de 03% e um aumento do peso da dívida.

De acordo com uma análise da economia de Angola hoje publicada, a Moody’s diz que “ajustou a previsão de crescimento económico para Angola em baixa, para 4,1% em 2015 e 4,7% em 2016”, acrescentando que “o défice deverá ficar à volta dos 3% este ano”.

No documento, que não é uma ação de ‘rating’, constituindo apenas uma informação de análise para o mercado, a Moody’s mostra-se também preocupada com o peso que a dívida pública de Angola, que em 2014 estava nos 32% do PIB, pode ter nas finanças públicas, principalmente se os empréstimos e as emissões de dívida continuarem para compensar a redução do preço do petróleo, que diminuiu fortemente as receitas do país.

“A resposta orçamental do Governo ao choque dos preços do petróleo tem sido agressiva, mas o peso da dívida está em risco de ter um aumento substancial nos próximos dois anos se o goerno encontrar dificuldades em manter a disciplina orçamental”, comentou Rita Babihuga, a analista da Moody’s que segue de perto a economia angolana.

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“Apesar de a métrica da dívida comparar favoravelmente com os pares analisados, previmos que a dívida de Angola vá aumentar para 42% do PIB este ano, aumentando face à estimativa de 32% em 2014”, acrescentou a analista.

Entre os outros riscos identificados pela agência de notação financeira estão a “capacidade institucional muito limitada, o grau de incerteza à volta da sucessão política e a continuidade da política económica dadas as eleições presidenciais marcadas para 2017, o elevado nível de crédito mal parado no sistema bancário e uma taxa alta, embora em queda, de dolarização da economia”.

Numa nota mais positiva, a Moody’s assinala que “o aumento da produção de petróleo e um orçamento conservador permitiram ao país gerar uma tendência histórica de excedentes orçamentais e lançar-se num aumento substancial de despesa pública para diversificar a economia para além da extração de recursos naturais”.

Outra nota positiva assinalada no relatório de 31 páginas tem a ver com as ‘almofadas financeiras’ que Angola acumulou, com destaque para os 5 mil milhões de dólares disponíveis no Fundo Soberano, que “podem ser usadas para amortecer o impacto dos choques na economia”.