O mundo, o digital, não lhe perdoou. As críticas inundaram as redes sociais, jorrando indignação e incredulidade. Walter Palmer era identificado como o homem que matara Cecil, um dos leões mais queridos e fotografados do Parque Nacional de Hwange, no Zimbabué. Em nada ajudou a fotografia em que o norte-americano, dentista de profissão, aparecia, a sorrir, ao lado do leão, já morto. “Não fazia ideia que o leão era conhecido e um favorito local”, confessou, em comunicado, ainda em julho, incrédulo com a revolta que causara. Falou-se em crime, na hipótese de ser acusado judicialmente e criticou-se a paixão de Palmer pela caça. Mas o dentista foi-se mantendo calado, até agora.

Além do comunicado emitido em julho, Walter Palmer apenas divulgara um e-mail para dar conta que a clínica da qual é proprietário iria continuar a operar em Minneapolis, no estado do Minnesota, nos EUA. Nunca, até este domingo, falara com jornalista ou concedera qualquer entrevista. E fê-lo pela “segurança” da mulher e da filha, que “foram uma e outra vez ameaçadas” nas redes sociais. “Não entendo compreendo como esse nível de humanidade vem de pessoas que nada tem a ver com o caso”, lamentou.

O dentista garantiu, numa entrevista à Associated Press e ao Minneapolis Star Tribune — na qual não autorizou que o fotografassem ou lhe gravassem a voz –, que não se estava esconder. Porquê, então, falar agora? “Sou um profissional de saúde. Preciso de voltar para o meu staff e os meus pacientes, eles querem-me de volta. Por isso é que regressei”, explicou, já depois de admitir que apenas se manteve “fora do olhar público” para “estar com a amigos e família”. Pretende agora regressar à vida normal porque tem pessoas que dependem de si.

Na conversa com os jornalistas, que durou cerca de 20 minutos, Walter Palmer não confirmou se pagou mais, ou menos, que os alegados 50 mil dólares (à volta de 44 mil euros) aos guias que o acompanharam na caçada pelo Parque Natural de Hwange. O seu advogado, Joe Friedberg, que se manteve a seu lado durante a entrevista, defendeu que “tudo foi feito dentro da regularidade” e se tratou de “uma caça legal ao leão” em África. “Um leão foi caçado devido ao profissionalismo das pessoas que o acompanharam”, acrescentou. Quanto às alegações de que, após atingir o leão com o primeiro dardo, o terá perseguido durante cerca de 40 horas e, só depois, o matar, Walter Palmer indicou apenas que demorou “muito menos” tempo.

Até ao momento, o norte-americano, de 55 anos, não foi formalmente acusado de qualquer crime pela justiça dos EUA ou do Zimbabué. De resto, Walter Palmer apenas lamentou o sucedido, mas não deixou de defender que não terá cometido qualquer ilegalidade.

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