O presidente do PSD acusou na segunda-feira o PS de ter voltado à “velha política” de irritação com os jornalistas, e questionou o que aconteceria se fosse a coligação no poder a censurar perguntas da comunicação social.

Pedro Passos Coelho fez esta acusação sem referir nenhum caso em específico, durante uma conferência com membros das estruturas de trabalhadores sociais-democratas e democratas-cristãos, na União de Associações do Comércio e Serviços, em Lisboa, inserida na pré-campanha da coligação PSD/CDS-PP para as legislativas de 4 de outubro.

“Nós não queremos voltar à velha política, nós não queremos voltar à velha senhora e ao velho estilo. E quanto mais avança a pré-campanha eleitoral mais conseguimos descortinar os velhos tiques da velha política. Agora já se irritam outra vez com os jornalistas”, afirmou o presidente do PSD.

Em seguida, Passos Coelho interrogou o que aconteceria se fosse a coligação PSD/CDS-PP, “ao fim destes quatro anos de vida tão difícil, a censurar os órgãos de comunicação social ou os jornalistas pelas perguntas que fazem ou insinuando ao serviço de quem estão”. “Isso faz-nos lembrar alguma coisa: uma política a que não queremos regressar e a que não regressaremos”, reforçou.

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Sem nunca mencionar o nome do anterior primeiro-ministro, José Sócrates, o presidente do PSD acusou também o PS de voltar à “velha maneira de fazer política, demagógica e irresponsável” em matéria de política económica e financeira, e pediu mais contas ao PS.

Passos Coelho questionou, em particular, o impacto da interrupção da descida do IRC proposta pelos socialistas, que alegou ter consequências negativas no investimento e no emprego, e sustentou que estão mal calculados os custos da redução temporária das contribuições para a Segurança Social e da criação de um complemento salarial para os trabalhadores mais pobres.

“É muito importante que o PS explique bem estas medidas. Não basta vir dizer que se tem um canhenho cheio de contas, é preciso saber explicá-las, e explicá-las muito bem explicadinhas, para as pessoas saberem o que elas representam. Conhecendo o nosso povo como julgo conhecer, as pessoas desconfiam muito, ao fim destes anos todos, desta maneira de fazer política”, declarou.

Sobre a proposta de complemento salarial, comentou: “À boa maneira socialista, mais uma prestação social. E dizem que isto não custa dinheiro nenhum porque isto é um crédito fiscal. Dá vontade de rir, porque se os trabalhadores têm um rendimento tão baixinho tão baixinho, não pagam impostos”.

Depois, questionou: “Se não tivesse custos nenhuns nem risco nenhum para o país oferecer novas prestações, repor rendimentos mais depressa, baixar a TSU, as contribuições das empresas e dos trabalhadores sem risco para a Segurança Social, porque é que nós não teríamos feito isso?”.

Na sua intervenção, o primeiro-ministro atribuiu a origem da austeridade – “o aumento dos impostos, o corte dos salários, o corte das pensões, o corte das prestações sociais” – ao anterior executivo do PS. Quanto à atual situação económica, destacou o surgimento de novas empresas, referindo que no primeiro semestre deste ano foram criadas, em média, 108 por dia, e explicou as insolvências: “Nós não queremos conservar à força as empresas que não são viáveis”, disse. “Por isso, se nascem mais empresas do que as que morrem, e se as que morrem porque estão destinadas a morrer morrem mais depressa, mais depressa teremos melhores empresas para garantir novo emprego àqueles que merecem o emprego”, argumentou.