A Sociedade Americana do Cancro reviu as suas recomendações e vem agora defender que as mulheres só façam mamografias a partir dos 45 anos, cinco anos mais tarde do que vinha aconselhando até aqui.

Até esta terça-feira, esta mesma sociedade norte-americana defendia a realização deste exame logo a partir dos 40 anos. Agora, as recomendações vão no sentido do exame ser feito anualmente pelas mulheres a partir dos 45 e até aos 55. A partir dessa idade deverão fazê-lo de dois em dois anos, enquanto viverem saudáveis.

A Sociedade deixa porém a hipótese das mulheres abaixo dos 45 anos optarem por fazer mamografia, assim como acima dos 55 continuarem a fazer este rastreio anualmente. As novas recomendações foram publicadas, esta terça-feira, no “Journal of the American Medical Association”. A última revisão datava de 2003.

“O mais importante das nossas novas normas de orientação é que validam que a mamografia de rastreio é a mais eficaz que uma mulher pode fazer para reduzir as hipóteses de morrer de cancro da mama”, resumiu à NBC News Richard Wender, da sociedade norte-americana do cancro, que espera que as novas recomendações ajudem a esclarecer as dúvidas.

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Mas estas novas recomendações podem não trazer maior clareza à questão. Quem já o veio dizer foi Therese Bevers, do MD Anderson Cancer Center, que ajuda a definir as diretrizes do rastreio do cancro da mama para o National Comprehensive Cancer Network – um centro que resulta da aliança dos 26 principais centros oncológicos do mundo – e que recomenda que este exame seja feito anualmente a partir dos 40 anos. Já o Colégio Americano de Obstetras e Ginecologistas recomenda a realização deste exame de ano a ano ou de dois em dois anos entre os 40 e os 49 anos e anual a partir daí.

“Este é mais um conjunto de recomendações que vai ser confuso para as mulheres e para os prestadores de cuidados de saúde primários”, disse Bevers. “As mulheres vão fazer perguntas e os seus médicos poderão não saber como lhes responder.”

E a verdade é que o assunto levanta dúvidas nos Estados Unidos, com outras organizações a recomendarem mais mamografias e mais cedo e outras a recomendarem menos. Esta recomendação aproxima-se das recomendações da U.S. Preventive Services Task Force que aconselham que as mulheres esperem até aos 50 anos para se iniciarem na realização de mamografias, de dois em dois anos.

Na pesquisa levada a cabo para a emissão destas novas recomendações, a Sociedade Americana do Cancro descobriu que as mamografias regulares em mulheres com idade entre 40-69 fez reduzir o número de mortes por câncer de mama.

Há porém estudos, nomeadamente um realizado no Canadá em 2014 e outro publicado no “New England Journal of Medicine”, em 2012, que lançaram dúvidas sobre os reais benefícios das mamografias. No estudo de 2012 é dito que um terço dos cancros detetados através de mamografias de rotina pode não ser fatal. Os investigadores diziam então que até ao momento um milhão de mulheres podiam ter sido excessivamente diagnosticadas e desnecessariamente tratadas.

Estas novas normas de orientação da Sociedade Americana do Cancro são dirigidas a mulheres que apresentam um risco médio. Já mulheres cujas mães, irmãs ou outro familiar próximo tenham tido cancro da mama ou que saibam que possuem mutação genética devem iniciar o rastreio mais cedo.

Em Portugal, as recomendações ditam a realização de uma mamografia de dois em dois anos entre os 50 e os 69 anos.