Consciência pesada é o estado de quem sente remorsos ou mal-estar por não ter praticado exercício físico. Um resultado disto é que no dia em que os pés voltam a entrar num ginásio, vamos prontos a gastar toda a energia acumulada. Mas o tempo não volta para trás e, em vez de recompensarmos as horas que perdemos, só vamos exagerar no esforço físico. “O exercício em excesso não é benéfico e pode ter implicações negativas no organismo”, diz o médico José Gomes Pereira, especialista em medicina desportiva. “O exercício moderado produz um efeito positivo mas, quando praticado em excesso, pode reduzir as defesas imunitárias tornando esse organismo mais vulnerável, por exemplo, a infeções comuns do trato respiratório superior.”

Quando sabemos que estamos a praticar demasiado exercício? 

“Temos de saber ouvir o nosso corpo”, explica o especialista e professor catedrático. “Existe um conjunto de sinais e sintomas que habitualmente aparecem e indicam que estamos a ir longe demais.” José Gomes Pereira enumera o aumento exagerado da sederedução significativa do apetite, alterações do padrões do sono e de estados de humor (irritabilidade e depressões) como as principais consequências. “A prática de exercício em excesso induz a alterações do equilíbrio metabólico do organismo e o indivíduo pode ter dificuldades em adormecer.”

Já o personal trainer Bruno Salgueiro vai mais longe. “Entre as várias consequências do esforço extremo podem estar quebras de energia, tonturas, náuseas e inflamações“, conta. “Quando uma pessoa entra em desidratação severa tem de ser hospitalizado e há casos mais graves em que os músculos deixam de responder. Cabe à pessoa ter a sensibilidade de ler os sinais que o corpo transmite e adaptar o exercício ao seu próprio ritmo.”

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Quem são as pessoas que exageram no esforço?

“São as pessoas que param de fazer exercício durante algum tempo e depois querem voltar ao corpo que tinham numa semana”, alerta Bruno Salgueiro. “Devemos ir aumentando a intensidade e duração dos nossos treinos gradualmente e não devemos correr uma maratona sem estarmos preparados.” Por isso, os novatos devem começar com três treinos semanais e ir subindo de forma gradual sem abdicar dos dias de descanso. 

Quantos dias devemos treinar por semana?

“A periodicidade semanal depende do estilo de vida de cada um mas não recomendaria mais de três dias seguidos com treinos de alta intensidade sem descansar ao quarto dia”, diz o autor do livro Dicas do Salgueiro. “O descanso é tão importante como o treino, por isso devemos ter uma boa noite de sono e uma alimentação saudável antes, durante e depois do exercício físico.

Como podemos evitar o exercício em excesso?

“A prática de exercício físico deve ter conta, peso e medida”, defende o médico José Gomes Pereira. “Cada indivíduo deve realizar um exame médico prévio para descobrir se tem contraindicações e na hora da prática de exercício pode ser sempre acompanhado por um técnico profissional”. Mas atenção: a solução para evitar o excesso não passa pelo sedentarismo. Muito pelo contrário. Devemos, sim, encontrar um equilíbrio.

“Um indivíduo para ser ativo não precisa de correr uma maratona. Basta não usarmos o carro e fazer mais percursos a pé ou preferir as escadas em virtude do elevador”, afirma o especialista em medicina desportiva. “O mais importante é sermos ativos e controlarmos a atividade física consoante a nossa noção de bem-estar.”

Texto editado por Ana Dias Ferreira.