Quando o sol, o calor e os festivais de verão se vão embora, sabemos que o Vodafone Mexefest se aproxima. O festival de outono dedicado à música independente regressa este fim de semana à cidade de Lisboa para mais uma edição repleta de boa música, com Benjamin Clementine e Patrick Watson à cabeça. Ao todo serão 53 bandas, distribuídas por 13 palcos espalhados pela zona da Avenida da Liberdade, como o Cinema São Jorge ou a Casa do Alentejo.

Com uma programação tão preenchida, o difícil será mesmo escolher. Para ajudar o leitor na tarefa, o Observador fez um roteiro com alguns dos concertos que não deve perder.

Sexta-feira, 27 de novembro

20h30: Anna B Savage

Anna B Savage é quase um mistério. Pouco se sabe da inglesa sediada em Londres, a não ser que tem um gosto por guitarras elétricas e sons minimalistas. O seu primeiro EP chama-se EP e foi lançado em maio deste ano (recentemente complementado com mais canções em Live at Cafe Oto) é composto por canções sem título, como “I” ou “IV”, que roçam o folk mas que não abandonam completamente o rock. 

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20h30: Tó Trips

Vale sempre a pena ver Tó Trips, quer seja acompanhado por Pedro Gonçalves nos Dead Combo, projeto a que dedicou os últimos 13 anos da sua vida, ou a solo. Em nome próprio, estreou-se em 2010, com o álbum Guitarra 66. Este ano, foi a vez de Guitarra Makaka: Danças A Um Deus Desconhecido, um álbum melancólico que foi beber influências a sonoridades tão distintas como as mornas africanas e os sons mediterrânicos.

22h00: Chairlift

Quase a fazerem uma década de carreira, os norte-americanos Chairlift são já considerados uma das bandas mais importantes da música independente. Com uma sonoridade que busca influências na eletrónica e no synth-pop, o duo Aaron Pfenning e Polachek já não lança nada de novo desde 2012. O novo álbum, Moth, deverá sair em janeiro de 2016. Esperamos ouvir música nova, este fim de semana.

22h55: Demob Happy

Os Demob Happy são uma banda de Brighton, Inglaterra, formada em 2008. Apesar de terem surgido há sete anos — e de não terem parado desde então –, o primeiro álbum só chegou este ano. Dream Soda é uma mistura de rock explosivo, influenciado por bandas como Queen of the Stone Age ou Nirvana. 

00h20: Benjamin Clementine

Benjamin Clementine é um dos artistas mais falados do momento. Merecidamente. Pianista, compositor e poeta, a sonoridade de Clementine, entre o soul e a pop, é muitas vezes difícil de catalogar. Considerado por muitos como o futuro da música londrina, estreou-se em 2013 com o EP Cornerstone, depois de ter sido descoberto por um agente em Paris. 

O primeiro álbum, At Least For Now, lançado este ano, valeu-lhe um Mercury Prize, prémio que, entre lágrimas, dedicou às vítimas dos atentados de Paris, cidade onde viveu como sem-abrigo, tocando nas ruas para sobreviver. Se há um concerto imperdível em todo o festival, é o deste homem que canta com a alma.

00h30: Titus Andronicus

Os Titus Andronicus celebram este ano uma década de carreira, com o novo The Most Lamentable Tragedy. O álbum, uma espécie de ópera-rock recheadinha de elementos punk, vai buscar (novamente) inspiração a uma das mais violentas e sangrentas peças de William Shakespeare: Titus Andronicus.

Sábado, 28 de novembro

20h10: Beautify Junkyards

Comece a noite de sábado por se dirigir à Igreja de S. Luís dos Franceses, local que tem tudo para tornar ainda mais bonito o concerto dos portugueses Beautify Junkyards. Consegue imaginar o resultado do encontro feliz entre a folk de João Branco Kyron, João Paulo Daniel, João Moreira, Rita Vian, Sergue e António Watts, e a acústica da igreja?

21h00: Castello Branco

Continuando nos sons doces, seguimos para a Sociedade Portuguesa de Geografia para ver o brasileiro Castello Branco, munido com a sua guitarra e as canções do disco de estreia, Serviço, de 2014. Depois de algumas passagens a solo, desta vez Castello Branco vem acompanhado com banda. Por uma hora, naquela sala lisboeta vai respirar-se Brasil.

22h00 – Ariel Pink

Extravagante. Imprevisível. Ainda há meio ano atuou no Porto, mas vale sempre a pena passar por um espaço onde está a atuar Ariel Marcus Rosenberg, mais conhecido por Ariel Pink, neste caso o Coliseu dos Recreios. Agora sem os seus Haunted Graffiti, no ano passado estreou-se a solo com Pom Pom, um caldeirão de pop feito de 17 canções.

22h30 – Glockenwise

O Ateneu Comercial de Lisboa abre as portas para um momento rock, cortesia dos Glockenwise. A banda de Barcelos acaba de lançar o terceiro álbum, Heat, e a idade só lhes fez bem. Às novas músicas com mais peso e robustez, é provável que se juntem algumas das canções dos dois álbuns anteriores, Building Waves (2011) e Leeches (2013). O cenário algo decadente em que (infelizmente) se encontra o Ateneu Comercial confere o ambiente ideal para saltar ao som das guitarras de Nuno Rodrigues e Rafael Ferreira, sem esquecer o baixo de Rui Fiusa e a bateria de Cristiano Veloso.

23h15 – Petite Noir

Petite Noir é o projeto musical do músico de origem angolana e congolesa Yannick Illunga. Com apenas dois álbuns editados, o EP The King of Anxiety e o LP La Vie Est Belle/Life Is Beautiful, Illunga já ganhou fama de inovador. A sua música, que descreve como “noirwave”, é uma mistura de género e influências distintas, que vão desde a música tradicional africana à pop, passando pela eletrónica e pelo R&B. Entre as suas principais influências contam-se nomes como Kanye West, Most Def ou Fela Kuti. 

23h30 – Peaches

Poucas vezes terão sido combinadas as palavras “tanque” e “sensualidade”. Mas não é em vão que cruzamos estes dois mundos. A canadiana Peaches é a responsável pela característica sensual, que não costuma faltar aos concertos que dá (muito menos as canções pop de temática sexual).

E o que é que o tanque tem a ver com isso? Bom, é este o nome de um dos novos palcos desta edição do Vodafone Mexefest. O facto de se situar dentro da antiga piscina do Ateneu Comercial de Lisboa pode explicar a aparente estranheza do nome escolhido. É lá que vai estar Peaches, que este ano voltou aos discos com Rub.

00h20 – Patrick Watson

Patrick Watson parece desiludido com este mundo dominado pela tecnologia. E quando os artistas estão desiludidos com alguma coisa, isso normalmente é sinónimo de boas composições. Em maio deste ano, o canadiano lançou Love Songs for Robots, o quinto álbum de originais que é também o mais inovador da sua já longa carreira. Watson, um nome já bem conhecido dentro da música independente, promete ser um dos grandes protagonistas da edição deste ano do Vodafone Mexefest.