Quem quiser comer bom leitão, não precisa de ir à Mealhada. Foi com esta ideia simples, que continua a ser a referência mais forte da marca O Bacorinho, que Hélio Gaspar criou um negócio de sucesso.

O conhecimento acumulado na criação de porcos foi uma arma apontada ao mercado da venda e distribuição de carnes. A matéria-prima é o leitão, “sempre quente e estaladiço, assim que chega aos clientes”. A aposta continua a dar frutos: já há planos de expansão a nível nacional.

O segredo está na matéria-prima

“Durante muitos anos forneci a Bairrada. Tenho e trabalho com várias suiniculturas na zona de Setúbal. Só que percebi que, se quisesse bom leitão assado a Sul, não havia. Era um nicho de mercado por explorar”, explica Hélio Gaspar, fundador e CEO de O Bacorinho.

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O caminho não foi fácil e levou “algum tempo” até que o projeto ganhasse força. “Havia uma barreira chamada Bairrada”, resume Hélio. A ideia do leitão assado ter de vir da zona centro para ser de qualidade alongou o tempo de concretização, mas a “bagagem” das suiniculturas serviram de diferencial. “Setenta por cento do segredo está na matéria-prima. É preciso perceber a excelência da carne, as características dos leitões bem antes de irem para os assadores. A seleção é feita à chegada e não mandamos qualquer carne para o fogo”, explica.

As sobras da véspera não entram no prato

Mas é também no modelo de negócio que O Bacorinho prima pela diferença: nem todos os clientes podem receber esta carne. “Tentamos ter um standard e não entregamos o leitão assado em qualquer restaurante. Temos o foco no cliente, segundo uma escala de 1 a 5 estrelas. Só fornecemos restaurantes que atinjam 4 estrelas na nossa escala: a nível de higiene, do preço, da ementa…”, diz Hélio.

O que não vende ao almoço, não vende ao jantar. É esta simples noção que garante a qualidade da rede de restaurantes que a empresa fornece. Segundo Hélio: “Só trabalhamos por encomendas e com produto fresco. Assim, a carne deve estar quente e estaladiça quando é vendida ao consumidor final.” Em média, os clientes compram um leitão e Hélio não quer mais do que isso. “É uma questão de qualidade. Prefiro entregar várias vezes por semana, prefiro a escassez, porque a carne está sempre boa. É preferível não sobrar leitão à hora do almoço, do que estarem a vender carne fria à hora de jantar.”

Um outro aspeto importante: trinchar a carne em cada entrega, à frente do cliente. Para Hélio, isto “faz toda a diferença, principalmente para os clientes particulares”. O leitão é um ex-libris dos eventos e trinchar é uma arte. Não é por acaso que nos fins de semana a faturação é maior. “Em média, vendemos 240 leitões por semana. O ponto alto é no sábado, mas temos vendido cada vez mais aos domingos”, conta Hélio.

Lenha, aquecimento, temperatura, investimento

A formação é uma etapa fundamental. Todas as terças-feiras, entre as 14h00 e as 15h30, é momento de aprendizagem para os futuros responsáveis de grelha. “Faz parte da visão da empresa. Estamos felizes por ter um nicho de mercado, mas todos os funcionários devem estar habilitados às várias tarefas”, desenvolve Hélio.

Existe um período de formação para cada novo trabalhador. As chefias intermédias passam o conhecimento adquirido. O aprendiz de assador vai ganhando experiência.

Todos os dias, a partir das 02h30 da manhã, os fornos ganham vida. Por noite, há entre 3 a 6 “saídas de leitão”. Tudo para que, a partir das 08h00, a carne já esteja a ser distribuída. Principalmente em Lisboa, onde o número de clientes disparou nos últimos tempos.

18 distritos, 18 assadores

A aposta na formação ganha outra importância quando se fala de projetos a médio prazo. Para Hélio, O Bacorinho já conquistou a primeira etapa: ser uma empresa de referência a nível regional. A partir do próximo ano, a escala passa a ser outra: todo o país.

“Queremos levar leitão assado quente e estaladiço a todo o português. A ideia é criar uma unidade de produção em todos os distritos. 18 unidades, uma por capital de distrito. Em 2016, começamos em Lisboa”, avança Hélio.