“A Igreja Católica deve assumir o seu papel (de mediador) na crise política, como assumiu no processo que conduziu à assinatura do Acordo Geral de Paz de 1992”, afirmou hoje, em conferência de imprensa, o porta-voz da Renamo, António Muchanga.

A Igreja Católica, prosseguiu Muchanga, tem experiência internacional na mediação de conflitos e pode ser útil para a resolução do impasse político e militar prevalecente em Moçambique, desde 2013.

O porta-voz da Renamo reiterou a posição do partido de que a equipa de mediadores nacionais que vinha assumindo essa função desde 2013 fracassou na sua missão e deve resignar.

“Eles demonstraram que não têm nenhuma experiência e isso não é nenhum insulto, são úteis, mas precisam de ajuda”, ressaltou António Muchanga.

Muchanga criticou o facto de os mediadores nacionais não terem conseguido impedir que a residência do líder da Renamo, Afonso Dhlakama, na beira, capital da província de Sofala, centro do país, fosse invadida pela polícia, no dia 09 de outubro passado, que desarmou e deteve por algumas horas os seguranças do político.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“Se não fosse o presidente Dhlakama a pedir desculpas por ele (Dinis Sengulane, bispo da igreja anglicana), teria sido linchado pela população da Beira”, declarou o porta-voz da Renamo, referindo-se alguns populares que se amotinaram em casa do líder da Renamo chamando judas ao religioso, que é um destacados membros da equipa de mediadores nacionais.

O incidente de 09 de outubro na casa de Afonso Dhlakama deu-se algumas horas após ter entrado na residência, para onde seguiu, acompanhado pelos mediadores, oriundo de um lugar incerto algures na Gorongosa, província de Sofala, onde se tinha refugiado após confrontos entre a sua comitiva e membros das forças de defesa e segurança moçambicanas, no distrito de Gondola, província de Manica, centro do país, no dia 25 de setembro.

Na semana passada, quase dois meses após a invasão na sua casa na Beira, Dhlakama falou à comunicação social por telefone, declarando que a Renamo vai governar, a partir de março, nas seis províncias do centro e norte onde reivindica vitória nas eleições gerais de outubro do ano passado, mas usando meios democráticos que não especificou.

Moçambique vive uma crise política e militar desde 2013, que se manteve com a recusa da Renamo em reconhecer a derrota nas eleições gerais de outubro do ano passado.

O principal partido de oposição viu este ano um projeto de lei de criação de autarquias provinciais e um projeto de revisão pontual da Constituição da República visando o mesmo objetivo chumbados pela Assembleia da República, dominada pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), partido no poder.