A região do Arco Metropolitano de Lisboa é a área do país com maior expressão económica, concentrando 43% das empresas e 56% do volume de negócios do país, revela um estudo apresentado hoje na Fundação Calouste Gulbenkian.

O estudo “Uma Metrópole para o Atlântico”, apresentado na capital, especifica que a região do Arco Metropolitano de Lisboa (uma nova denominação) se estende desde Leiria até Sines e desde Lisboa até Évora e concentra “mais de metade do volume de negócios das empresas do país”.

Esta macrorregião reúne “o maior número de empresas, de volume de negócios, exportações e emprego do país”, sendo que a região da Grande Lisboa se destaca neste conjunto, acrescenta o estudo.

A investigação revelou que o volume de negócios gerado pelo Arco Metropolitano de Lisboa provém em “56% das infraestruturas, 21% da indústria, 16% dos serviços [entre os quais o turismo] e 7% dos recursos naturais [agricultura e pecuária]”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Quanto aos mercados internacionais, o estudo especifica que “17% do negócio da região é exportação”.

Dentro da macrorregião, a região da Grande Lisboa concentra “três quartos do volume de negócios”, sendo “90% desse volume proveniente das infraestruturas”, entre as quais as telecomunicações ou os transportes.

Traçando um retrato geográfico, a docente da Faculdade de Letras da Universidade do Porto Teresa Sá Marques afirmou que a “dinâmica turística de Lisboa é inferior à do Porto”, explicando que a capital “cresce menos porque já é muito grande”.

Defendendo um “discurso de complementaridade e não ancorado na concorrência”, Teresa Sá Marques considerou que “o país não pode ser visto todo por igual dado que cada região tem as suas especificidades”, que devem ser aproveitadas.

A docente universitária vincou também que Portugal atualmente está “muito mais relacionado” do ponto de vista da mobilidade e das deslocações entre casa, trabalho e escola, tendo evoluído nas últimas décadas.

O painel de apresentação do livro que espelha o estudo “Uma Metrópole para o Atlântico” contou com o comentário de João Ferrão, do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa.

Para João Ferrão, “tem havido uma sombra de Lisboa sobre a segunda região urbana funcional [região do Porto] e sobre o resto do país”, o que constitui um problema visto que a região da capital “é demasiado grande a nível nacional, mas pequena a nível global”.

“A nível nacional temos de estabelecer complementaridade para evitar esta sombra”, advogou João Ferrão, acrescentando que “o futuro do país não pode ser discutido sem uma visão estratégica territorial”.

Apresentada no âmbito da iniciativa Gulbenkian Cidades, a iniciativa conta com a parceria da autarquia da capital e da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, tendo a coordenação de José Manuel Félix Ribeiro, Francisca Moura e Joana Chorincas.