A Reserva Federal, o banco central que define a política monetária nos EUA, decidiu nesta quarta-feira manter inalterada a taxa de juro (no intervalo de 0,25% a 0,5%) e indicou que o ciclo de subidas será mais gradual do que se previu na altura do primeiro aumento, em dezembro. Isso significa que o banco central está mais receoso em relação aos “riscos associados aos mais recentes acontecimentos económicos e financeiros”, diz a Fed, numa alusão aos receios de abrandamento em várias economias globais – incluindo a norte-americana – e a turbulência que tem marcado o início do ano nos principais mercados bolsistas mundiais.

Cada um dos responsáveis da cúpula da Fed fez uma estimativa sobre onde é que acreditam que a taxa de juro diretora no dólar estará no final do ano e, em média, a expectativa é que a taxa de juro acabará 2016 nos 0,875% – o que, a confirmar-se, implicaria duas subidas da taxa de juro até ao final do ano. Em contraste, a última estimativa apontava para quatro subidas, embora nos mercados há muito se acredite que a Fed teria de rever em baixa esta trajetória.

Janet Yellen, a presidente da Reserva Federal, explicou que as decisões hoje tomadas refletem a ponderação feita pelo banco central das perspetivas futuras e dos riscos para a economia. A Fed continua a prever que a economia norte-americana cresça a um ritmo “moderado” mas nota que “os desenvolvimentos económicos e financeiros globais colocam riscos“.

A Fed reconhece que o investimento e as exportações “têm estado menos robustas” e, por outro lado, admite que não estará a ser fácil promover a aceleração das taxas de inflação – que estão abaixo do objetivo – porque “o crescimento dos salários ainda não está a evidenciar uma recuperação sustentada”, apesar de o “mercado laboral continuar a melhorar”.

Estes riscos fazem com que, apesar de a Fed ter revisto em baixa o ritmo a que prevê subir os juros neste ciclo, continue a haver analistas que acreditam que o banco central não irá, sequer, fazer estas duas subidas. “Serão os dados económicos a ditar o que a Fed irá fazer, mas a nossa expectativa é que só exista mais uma subida dos juros este ano, provavelmente no terceiro trimestre”, diz James Knightley, economista do holandês ING em nota de reação enviada aos clientes.

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